TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA)
Felipe Bragança, Catarina Wallenstein e Teatro GRIOT
TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA) é um projeto transmedia com inspirações no afro-futurismo e no tropicalismo brasileiro, que consistirá de 3 camadas: uma performance teatral – acompanhada de uma videoinstalação; e uma publicação (física e digital) de um diário conceptual do projeto. O projeto parte de uma longa pesquisa desenvolvida em torno do Massacre de Mueda – evento da história colonial portuguesa, ocorrido no ano de 1960, e que marca o início da Guerra Colonial em Moçambique. Em 1979, Ruy Guerra, o importante cineasta moçambicano-brasileiro, realizou um filme refletindo sobre os acontecimentos de 1960 em Mueda, retratando a forma como o massacre estava ainda na memória dos moradores da pequena cidade, no norte do país africano. O mais peculiar foi descobrir que os moradores da região encenaram durante décadas um teatro de rua recriando o dia do massacre, como forma de expurgar o trauma e refletir sobre o seu passado. Em viagens a Moçambique entre 2014 e 2017, Felipe Bragança desenvolveu uma pesquisa em torno do imaginário de Mueda e das suas relações com as questões coloniais e pós-coloniais. Antes disso, em filmes como “Fernando que Ganhou um Pássaro do Mar” (2014), “Escape From My Eyes” (2015), “Não Devore Meu Coração” (2017) e “Um Animal Amarelo” (2020), o cineasta – que tem na sua família uma mistura de ancestralidades guarani, negra e branca portuguesa – desenvolve um trabalho que reflete sobre as memórias do processo colonial no Brasil e em territórios africanos através da reflexão sobre a cultura oral em África e nos territórios sul-americanos. Em TRÓPICOS MECÂNICOS, juntamente com os atores Matamba Joaquim e Catarina Wallenstein, desenvolve um projeto que mescla conceitos afro-religiosos (oráculos, adivinhos e contadores de histórias) com aspetos da ficção científica – como o conceito de viagem no tempo e criação de utopias alternativas. O resultado é uma proposta conceptual que revisita a questão da memória colonial de forma inovadora, usando os traumas do passado para a imaginação e proposição de outros futuros possíveis, onde o imaginário pós-colonial seja reinventado. Com a estrutura de uma narração de histórias transmedia, TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA) terá três camadas: a performance teatral de 45 minutos com a presença de 4 atores em palco (entre eles, Catarina Wallenstein, Matamba Joaquim e mais 2 atores convidados do coletivo Teatro GRIOT); a videoinstalação que reunirá fragmentos de documentos cinematográficos históricos sobre o Massacre e imagens originais/ficcionais criadas com o mesmo elenco da performance teatral; e a publicação física e online de um pequeno livro de 30 páginas com fragmentos documentais e ficcionais de relatos sobre este passado documentado, e o futuro imaginado. Como uma máquina do tempo imersiva e ocupando espaços alternativos (galerias e espaços culturais nas diferentes cidades), TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA) vai convidar o espectador a atravessar camadas da história.
Criação FELIPE BRAGANÇA, EM PARCERIA COM TEATRO GRIOT E CATARINA WALLENSTEIN
Criação dos Vídeos FELIPE BRAGANÇA
Interpretação MATAMBA JOAQUIM, ZIA SOARES, GIO LOURENÇO, CATARINA WALLENSTEIN E DANIEL MARTINHO
Apoio à Criação e Cenografia VICTOR GONÇALVES
Colaboração na Criação Visual LUANG SENEGAMBIA DACACH
Figurinos ANA CAROLINA LOPES
Música Original SELMA UAMUSSE, MILTON GULI E 40D.
Direção de Fotografia do Vídeo JOÃO LEÃO
Desenho de Luz CAROLINA CARAMELO
Produção ANA LOBATO, FELIPE BRAGANÇA
Citações e Inserts FILME “MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE” (DIR. RUY GUERRA, 1979) E POEMAS DE RUY GUERRA
Residência Artística CENTRO CULTURAL DA MALAPOSTA
Apoio BoCA – BIENNIAL OF CONTEMPORARY ARTS
Projeto Financiado por REPÚBLICA PORTUGUESA – CULTURA / DIREÇÃO-GERAL DAS ARTES
Parceiro Institucional REPÚBLICA PORTUGUESA – MINISTÉRIO DA CULTURA
Felipe Bragança é realizador, escritor e produtor brasileiro, 40 anos, cresceu entre o centro do Rio de Janeiro e a Baixa da Fluminense, radicado em Lisboa desde 2017. Escreveu e dirigiu longas, curtas, médias e videoinstalações apresentadas em festivais de cinema e galerias de arte em várias partes do mundo – como o Festival de Cannes, Locarno, Berlim, Sundance, Rotterdam, Sharjah Art Bienal, Inhotim, CalArts (Los Angeles), Silent Green (Berlim) e Jeu de Paumme (Paris). É sócio fundador da Duas Mariola Filmes, empresa de cinema e audiovisual independente baseada no Rio de Janeiro. Como pensador e crítico de cinema, escreveu no site Contracampo e fundou a Revista Cinética, tendo artigos publicados em espaços de destaque como o Le Monde Diplomatique e o jornal brasileiro O Globo. Como guionista, assina obras de diretores como Karim Ainouz e Helvécio Marins Jr.. Foi contemplado com a bolsa de artes DAAD-BERLIN, tendo residido na capital alemã entre 2013 e 2014. Nessa época, teve uma retrospectiva dos seus trabalhos realizada no Arsenal Institute (Cinemateca de Berlim). Entre 2019 e 2020, lançou dois filmes em parcerias criativas Brasil-Portugal: o média-metragem “Tragam-me a Cabeça de Carmen M.” feito em parceria com Catarina Wallenstein e lançado em Roterdão (2019), e “Um Animal Amarelo”, lançado na Competição do Festival de Roterdão (2020) e que chegou às salas portuguesas em outubro do mesmo ano.
Catarina Wallenstein é atriz, cantora e realizadora portuguesa, com formação no Conservatório de Lisboa e no Conservatório de Paris. Desde 2003, atua em Cinema, Teatro e TV, com destaque para a protagonista de “Singularidades De Uma Rapariga Loira” (Manoel de Oliveira, 2009), a sua presença em “Desassossego” (João Botelho, 2011) e nas montagens dos Artistas Unidos (de Jorge Silva Melo) onde esteve entre 2011 e 2017. Nos últimos anos esteve presente em importantes obras do cinema português como “Peregrinação” (João Botelho, 2017) e “Raiva” (Sérgio Tréfaut, 2018). Em 2019 estreou-se na realização de cinema em “3”, em parceria com Felipe Bragança, na média-metragem “Tragam-Me A Cabeça de Carmen M.” (que teve estreia mundial na Secção Bright Future de Roterdão). Em 2020 estreou-se nas telas portuguesas nos filmes “Um Animal Amarelo” (lançado na Competição do Festival de Roterdão, 2020) e “O Ano Da Morte De Ricardo Reis”, o mais recente filme do realizador João Botelho.
O Teatro GRIOT é uma companhia de atores que se dedica à exploração de temáticas relevantes para a construção e problematização da Europa contemporânea e o seu reflexo no seu discurso e na estética teatral. O trabalho que a companhia desenvolve surge da tensão entre corpo e território, entre memória coletiva e memória individual, entre imaginário coletivo e imaginário individual. O Teatro GRIOT opera neste espaço de intersecção de territórios geográficos e simbólicos como ponto nevrálgico de um movimento artístico de contra memória.
PERFORMANCE
2O21 | NOV 26 a 28
SEX e SÁB – 21HOO
DOM – 16HOO
BLACK BOX
1O€ | PREÇO ÚNICO
45 MINUTOS
M/14
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