O HOMÚNCULO

O HOMÚNCULO

Sara Gonçalves

O HOMÚNCULO é um espetáculo de teatro que traz a palco a verve de Natália Correia. Nele expõe-se a ousadia da autora ao ter escrito, em 1965, esta sátira jocosa em plena Ditadura. Foi censurada à época e os seus exemplares apreendidos. Reconhece-se nela o retrato de um Portugal moribundo de espírito e de jovens resgatados para a Guerra do Ultramar que ainda permanece na memória de muitos e que a tantos já nada diz. É a uns e a outros que o espetáculo se dirige, revelando o que o Estado Novo escondia. Este é um espetáculo que funde linguagens: teatro, audiovisual e multimedia. Tudo acontece no momento.

A linguagem estética do espetáculo será alicerçada no carácter caricatural que esta sátira política revela. Nela, intuímos ver na sua inspiração um Ubu Rei (de Alfred Jarry, obra antecessora do Teatro do Absurdo), e tomamos os seus traços grotescos e largos na construção das personagens aproximando-as de linhas expressionistas. Pretendemos, também, aliar à interpretação de desenho físico e vocal característicos das personagens as imagens de cena, através de projeções, que contextualizarão simbolicamente o ambiente que esta peça nos faz viver – na Mortocália (nome alusivo a um Portugal aprisionado pelo Estado Novo), tornando este espetáculo de uma imagética viva e retumbante. Damos, também, destaque à sonoplastia que as acompanhará, e antecipará, assim como soará os não-dizeres que numa sociedade censurada se sentiu e tantas vezes não se ouviu. Ao tornar visível o que está escrito por Natália Correia e audível o cunho da história, pensamos fazer jus ao retrato que Natália quereria dar voz.

Autoria NATÁLIA CORREIA
Encenação SARA GONÇALVES
Interpretação DAVID MEDEIROS, ÉLVIO CAMACHO, FREDERICO AMARAL E NELSON CABRAL
Cenografia DANIEL LEAL MACHADO
Adereços MARIA RODRIGUES E JORGE LOURENÇO
Figurinos RITA ÁLVARES PEREIRA
Desenho de Luz ALEXANDRE COSTA
Desenho, Montagem e Operação de Som PEDRO BAPTISTA E SÉRGIO MILHANO / PONTOZURCA
Vídeo e Animação DINIS LEAL MACHADO
Design Gráfico Vídeo RAQUEL SILVA
Direção de Produção NUNO PRATAS
Produção Executiva MARIÇA DA SILVA
Caracterização CIDÁLIA ESPADINHA
Fotografias de Divulgação VITORINO CORAGEM
Ilustrações para Cartaz ANA MARGARIDA MATOS
Design Gráfico EVA FREITAS
Apoio Geral PAULA ERRA E SARA SILVA MENDES
Coprodução AGÊNCIA DE PROMOÇÃO DA CULTURA ATLÂNTICA (APCA MADEIRA), CULTURPROJECT E TEATRO FEITICEIRO DO NORTE

A APCA Madeira e o Teatro Feiticeiro do Norte são estruturas financiadas pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes

NATÁLIA CORREIA (1923-1993) foi escritora, poeta, dramaturga, jornalista e deputada. Em toda a sua vida, deu voz às ideias, críticas e visão de mundo em permanente ato corajoso, não se coibindo de ser quem era. “O Homúnculo”, peça de teatro, é um desses exemplos. A 13 de setembro de 2O23 assinalar-se-á o centésimo aniversário do seu nascimento.

SARA GONÇALVES nasceu em Lisboa em 1976. É atriz, encenadora e formadora. Tem licenciatura em Teatro – Formação de Atores (2OO7) e mestrado em Teatro e Comunidade (2O12), ambos pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC-IPL). Tem também a pós-graduação em Marionetas e Formas Animadas (2O17) pela Escola Superior de Educação de Lisboa ESEL-IPL e frequentou o curso de Escultura (2OO1) na FBAUL até ao 3º ano. É atriz profissional desde 1997. Estreou-se na série juvenil “Riscos”, emitida pela RTP em 1997/98, e seguidamente, apareceu com alguma regularidade em novelas e séries nos diferentes canais da televisão portuguesa, até 2OO7. No teatro, participou em “Ela, Ele, a Amiga e o Outro”, encenação de António Feio; “Mulheres em Frente ao Espelho”, encenação de Ana Nave; “Sonho de Uma Noite de Verão”, adaptação para a infância de Hélia Correia e encenação de João Ricardo; “A Casa de Bernarda Alba”, encenação de Ana Luísa Guimarães e Diogo Infante; “Pátio”, de Bruno Bravo; “Danças de Um Deus Pagão”, encenação de José Peixoto e “A Casa de Bernarda Alba”, encenação de Celso Cleto. No cinema, trabalhou como atriz nas curtas “A Divisão Social do Trabalho segundo Adam Smith”, realizada por Fátima Ribeiro; “A Cidade e o Sol”, realizada por Leonor Noivo; “A Língua”, realizada por Adriana Martins da Silva. Com este último trabalho recebeu nomeações e prémios para Melhor Atriz em diversos festivais internacionais, nomeadamente em TMFF – The Monthly Film Festival, em Independent Short Awards e em Feel The Reel International Film Festival. Na encenação, estreou-se com o espetáculo infanto-juvenil “Job, o Ás do Bilas”. Encenou, ainda para a infância “A Bicicleta que Tinha Bigodes”. A sua última encenação foi “Aragão”, texto original de Rui Zink, estreado pela efeméride do centésimo aniversário do artista madeirense António Aragão, no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal, em setembro de 2O21, numa coprodução APCA, Culturproject e Teatro Municipal Baltazar Dias. Foi cocriadora (sendo responsável pela adaptação teatral e cena) do espetáculo “Histórias do Castelo”, em parceria com Bernardo Sassetti (composição original), António Jorge Gonçalves (desenho digital ao vivo) e Nuno Meira (luz). O espetáculo, com texto original de Nuno Júdice, assinalou o centésimo aniversário da classificação do Castelo de São Jorge como Monumento Nacional (2O1O). Entre 2O16 e 2O2O, promoveu e orientou aulas de teatro, em curso contínuo ou workshops isolados, no Espaço Cultural – Com Calma, em Lisboa. Em 2O22/23, ministrou a Oficina de Teatro, na Fábrica de Alternativas, em Algés, sob o nome de “A Poética do Ator”.

DAVID MEDEIROS nasceu em Ponta Delgada em 1991. Fez o Curso de Formação Profissional de Atores da ACT- Escola de Actores. Em teatro, participou nos espetáculos “No início” e “O Cavaleiro da Dinamarca” (Teatro dos Aloés); “Um Conto de Natal”, “Quem Levará Flores a Tua Campa?” e “Alegoria da Caverna” (Grupo TEMA – Teatro Mafra), encenados por Sofia de Portugal; e “Molière en Vers et Contre Tout” (em Lisboa e Paris), encenado por Petronille de Saint-Rapt. Na companhia A Barraca integrou os elencos de “Erêndira! Sim, Avó”, com encenação de Rita Lello; “À Volta o Mar, no Meio o Inferno” e “Malala – A Miúda que Ganhou”, ambos com texto e encenação de Maria do Céu Guerra. Participou nos espetáculos “Macbeths”, encenado por António Pires; “A Dor de Todas as Ruas Vazias” de Tiago Vieira; e “Ilhas” (Teatro Meridional, TDMII, Teatro Micaelense), encenado por Miguel Seabra. Em televisão, foi um dos protagonistas da minissérie “Gente Feliz com Lágrimas” e do filme “O Livreiro de Santiago” de José Medeiros. É coautor do guião e ator em “Escrito no Basalto”. Em cinema participou no filme “Adriana” de Margarida Gil. Integra o elenco da série da Netflix – “Rabo de Peixe”.

ÉLVIO CAMACHO nasceu no Funchal em 1975. Ator e encenador, professor de interpretação, formador de teatro e criador. Licenciado em Formação de Atores/Encenadores pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Como aluno de mérito desta escola foi ator no Teatro Nacional D. Maria II (1998). Como bolseiro do Centro Nacional de Cultura (Prémio Jovens Criadores 2OOO), Ministério da Cultura, Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, Goldfarb Foundation, Secretaria Regional do Turismo e Cultura e da Secretaria Regional de Educação da Região Autónoma da Madeira, frequentou diferentes formações de teatro na Roménia, Itália, França, Estados Unidos da América e Inglaterra. Foi professor de Teatro, do curso Profissional de Artes do Espetáculo, no Conservatório, Escola Profissional das Artes da Madeira. Em teatro trabalhou, entre outros, com os encenadores Alberto Lopes, Artur Ramos, Bruno Bravo, Carlos Avilez Eduardo Luiz, Fernando Augusto, Fernando Heitor, Fraga, João Mota, João Perry, Jorge Silva Melo, Luís Assis, Mário Feliciano, Richard Cotrell, São José Lapa, em mais de 6O criações. Na SIC, integrou o elenco adicional de “Uma Aventura no Verão” e na TVI, entre outras, o elenco de “Flor do Mar”, “Santa Bárbara” e o da série “Morangos com Açúcar” VII e VIII. Em 2O13 fundou, com Paula Erra, o Teatro Feiticeiro do Norte, onde atualmente trabalha.

FREDERICO AMARAL nasceu em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Aos 17 anos ingressou na Escola de Teatro – Academia Contemporânea do Espetáculo no Porto, onde concluiu o curso de Interpretação. Chegou a Lisboa em 2OO5 e, desde então, trabalhou como ator profissional em diversas companhias de Teatro, e em espetáculos como “Ruínas” de Sarah Kane; “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco; “Caixa-Forte” e “Noivo por Acaso” de Henrique Dias e Roberto Pereira; “Loucos por Amor” de Sam Shepard; “O Porquê da Coisa” de Nuno Markl; “Noivo em Fuga” de Lázaro Matheus, entre outros. Em televisão, tem participado em algumas telenovelas e séries, destacando-se “I Love It” e “A Única Mulher” (TVI); “Uma Família Açoriana”, “O Sábio” e “Patrulha da Noite” (RTP); e, mais recentemente, em “Festa é Festa” (TVI). Em cinema trabalhou com Saguenail, Carlos Coelho da Silva, Zeca Medeiros, Manuel Pradal, Alberto Ferrari, Jeanne Waltz, no filme francês “L’enfant”, do produtor Paulo Branco, e em “The Happiest Man” de Sofia Caetano, uma coprodução luso-americana (a estrear).

NELSON CABRAL nasceu em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Estreou-se em 1994 numa encenação de António Capelo para o Teatro Universitário do Porto. Concluiu em 1997 o Bacharelato em Teatro – Ramo Atores, na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Porto. Desde aí, tem trabalhado em companhias como o Teatro da Garagem, Teatro da Cornucópia, Artistas Unidos, Cassefaz, Escola de Mulheres, Seiva Trupe, Chapitô, entre outras, assim como em inúmeros projetos independentes. Em televisão estreou-se em “A Hora da Liberdade”, tendo desde aí participado em séries e telenovelas, destacando-se “Médico de Família”, “Anjo Selvagem”, “Espírito da Lei”, “O Processo dos Távora”, “Ouro Verde”, “Vidas Opostas”, “Jogo Duplo”, “Para Sempre”, “A Teia”, “Teorias da Conspiração” e “Solteira e Boa Rapariga”. Integrou a equipa de direção de atores da telenovela “Amar Demais” (Plural/TVI). Em cinema tem participações em filmes de João Botelho, João Garcia, José Medeiros e Francisco Rosas. Foi argumentista e realizador do filme “Cortejar a Ilha”, produção da Despe-Te-Que-Suas. Como encenador, dirigiu espetáculos com produção da Corda Bamba (Vila do Conde), Grupo de Teatro Muitieramá (Lajes do Pico), Associação ArtePalco, Associação Cultural Despe-Te-Que-Suas (São Miguel, Açores) e Fundação INATEL. Em rádio, concebeu e dirigiu “Poema do dia”, rubrica diária de poesia na Antena1/Açores.


© Ilustração ANA MARGARIDA MATOS

TEATRO

2O23 | SET 16 e 17

SÁB – 2OH3O 
DOM – 16H3O 

AUDITÓRIO

12€ | DESCONTOS APLICÁVEIS

6O MINUTOS

M/12

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