Hipérion

HIPÉRION

Água P’la Testa

Hipérion, retirado do exacerbado ruído do mundo e da vida, dedica-se a uma rigorosa investigação da sociedade arcaica grega, procurando na paisagem terrestre e marítima deixada por Heródoto o cenário político e militar de excelência. Escolhe este cenário como o único adequado ao carácter elegíaco da sua existência, lamentando a ausência de normas de atuação aristocrática por parte de homens que perderam o sentido heroico da guerra.
Só, no mundo, feito eremita por vontade própria, resta a Hipérion refletir sobre tudo o que acontece no seu tempo de vida, enquanto o vai reportando ao seu amigo Belarmino, e também a Diotima, a mulher amada, fazendo da sua escrita uma tomada de consciência que assume fraquezas e culpas, em progressiva confissão própria – daí o carácter epistolar da narrativa e a transformação ontológica do seu herói num caso antecipado de anti-herói.

Friedrich Hölderlin, poeta e romancista alemão, levou sete anos a compor o texto definitivo de HIPÉRION ou o eremita da Grécia, com edição em 1799, o seu único romance em forma epistolar. O texto pode ser traduzido numa “metáfora de uma revolução”, a francesa, que Hölderlin seguiu intensamente – ao entusiasmo dos primeiros momentos seguiu-se posteriormente uma profunda decepção pelos contornos políticos que levaram os Jacobinos a uma vivência de Terror.
Este episódio histórico levou a uma viragem de paradigma na criação literária do autor: o princípio da libertação pela luta armada é, neste romance, substituído pela transformação cultural exercida pelo trabalho do Artista no seio da sociedade a que pertence.
Para urdir esta metáfora, Hölderlin, escolheu como cenário o espaço geográfico da Grécia, nas suas lutas de libertação da ocupação turca em 1770, seguindo detalhadamente o desenvolvimento desta mesma guerra, que fracassou pela falta de sentido ético e heroico dos próprios gregos que puseram à frente dos ideais de Liberdade, Fraternidade e Igualdade, a pilhagem e o roubo, levando as populações ao saque indiscriminado.
Rigoroso na investigação e no estudo das suas fontes, o autor consegue dar uma cabal consistência histórica à sua narrativa, abrindo o campo da escrita por toda a paisagem terrestre e marítima descrita em documentação cartográfica deixada por Heródoto, entre outros.

Texto FRIEDRICH HÖLDERLIN
Tradução MARIA TERESA DIAS FURTADO e excertos de MÁRIO TRIGO
Encenação e Espaço Cénico MÁRIO TRIGO
Dramaturgia JAIME ROCHA e MÁRIO TRIGO
Atores CAROLINA GARÇÃO, CLARA MARCHANA, FILIPE ARAÚJO e MIGUEL COUTINHO
Canto CATARINA RODRIGUES
Figurinos CÂMARA DOS OFÍCIOS
Direção Técnica NUNO GOMES
Fotografia e Imagem TÂNIA CADIMA
Vídeo INÊS OLIVEIRA
Produção JOANA FERREIRA e DANIELA SAMPAIO

O coletivo Água P’la Testa – Companhia de Teatro nasceu da vontade de imprimir ao teatro em Portugal uma vertente formal estruturada no trabalho dramatúrgico, espacializando a palavra pela cena.

TEATRO

2019 | NOV 21 a DEZ 01

QUI a SÁB – 21H00
DOM – 16H00 

AUDITÓRIO

10€ | DESCONTOS APLICÁVEIS

90 MINUTOS

M/14

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