Epopeia

EPOPEIA

A Corda Teatro

Falar de epopeia é falar de uma narrativa de valorização de heróis e dos seus feitos. Falar de heróis e dos seus feitos é falar de coragem. Falar de coragem é falar de firmeza de espírito e energia diante do perigo, de perseverança, sem género implicado. “A” epopeia e “a” coragem são femininas, mas são, geralmente, e quase exclusivamente, associadas ao género masculino. Então, falar da coragem que caracteriza os atos heroicos não é somente falar de homens, não será impertinente pensar o porquê da História não nos apresentar muitas mulheres tidas como heroínas, ao contrário do que acontece com os homens.

EPOPEIA dá voz às histórias de quatro mulheres da História de Portugal, vividas no século XVI e no século XVIII, e esquecidas pela própria História – Joana de Áustria, Públia Hortênsia de Castro, Antónia Rodrigues e Maria Sequeira -, partindo de textos biográficos e de diferentes autores e pensadores. Foram heroínas não só pelo facto de algumas delas terem tido a coragem de lutar fisicamente pela pátria, mas porque todas tiveram a coragem e o engenho de levar as suas ambições avante pela quebra dos cânones machistas, abdicando, por algum tempo, da sua feminilidade. Foram mulheres que ultrapassaram o “penis envy” de Elektra, abraçando o género masculino para alcançarem a liberdade que almejavam.

O que queriam verdadeiramente estas mulheres? O que querem as mulheres dos dias de hoje? Este espetáculo procura estabelecer um diálogo entre cinco intérpretes ao longo de cinco partes definidoras do modo épico, diálogo este não biográfico, mas sim a partir de uma reflexão a respeito da posição da mulher ao longo dos tempos. EPOPEIA procura, assim, dar corpo a uma representação do grito silencioso e ativo de mulheres que procuraram a sua identidade dentro dos limites de uma sociedade repressiva, como uma voz que percorre o tempo para se dirigir à contemporaneidade.

“Os Portugueses do Renascimento levantaram a vida humana à maior altura, deram-lhe novas perspetivas e interesses, fizeram, no campo da ação navegadora e guerreira, o que no campo da arte fizeram os Italianos. Esses homens multimodos, navegantes e guerreiros, políticos e poetas, geógrafos e cronistas, aventureiros e apóstolos, constituem um momento insigne na história da personalidade.” (in Luís de Camões, O Épico, Hernâni Cidade)

EPOPEIA nasce, assim, de duas ideias base: a construção de uma narrativa de enaltecimento da mulher e das histórias de mulheres não conformadas com a posição que lhes foi imposta, tendo de, para alcançarem mais do que lhes era permitido, se fazer passar por homens. Nesse âmbito, e tendo em consideração o presente ano como o Ano Europeu do Património Cultural, desvendamos e relacionamos as histórias travestidas de quatro mulheres escondidas debaixo do tapete da História Portuguesa do século XVI e do século XVIII – Públia Hortênsia de Castro, Antónia Rodrigues, Joana de Áustria e Maria Sequeira.

Deste modo, esta epopeia invoca os eventos de transformismo das mulheres supracitadas através da música original de Lea Managil e partindo de textos biográficos de António Costa e Maria Helena da Cruz Coelho, assim como de autores como Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Fiama Hasse Pais Brandão e Jacques Derrida. Um espetáculo que não se pretende biográfico, mas uma reflexão acerca da mulher ao longo dos tempos, da liberdade, da condição do Homem social, da produção de discurso em torno da questão do género, das lutas das mulheres e da relação destas com o mundo de hoje.

Como é próprio d’A Corda, a comunidade feminina terá um papel nesta Epopeia, representando todas a demais, do passado mais longínquo ao presente, protagonistas das suas histórias de feminilidade e força intrínsecas.

Continua a ser urgente entregar à mulher, em toda a sua latitude, a hipótese de se representar a si própria, numa sociedade e num mundo ainda marcadamente masculinos. Continua a ser urgente a elevação da mulher ao seu estatuto de mulher. Continua a ser urgente a mulher.

Falar de heroínas é falar de todas as mulheres. O espetáculo EPOPEIA quer elevar todas as mulheres à sua essência de força, ainda que possam viver numa espécie de anonimato que a História não regista. Existem 3 momentos simples durante o espetáculo em que um grupo de mulheres da comunidade participa. O mini-workshop tem como objetivo trabalhar com as mulheres da comunidade para que estas possam conhecer o espetáculo, assim como a sua mensagem central sobre o tema do empoderamento das mulheres, e integrá-lo nesses 3 momentos.

Encenação e Espaço Cénico RUBEN SAINTS 
Dramaturgia e Assistência de Encenação ELSA MAURÍCIO CHILDS 
Interpretação DIOGO BACH, CAROLINA PUNTEL, LEA MANAGIL, RITA CAROLINA SILVA, SARA AFONSO e 6 ELEMENTOS DA COMUNIDADE LOCAL
Sonorização e Música Original LEA MANAGIL
Desenho de Luz RUBEN SAINTS
Figurinos ATELIER CARMINHO
Produção A CORDA

Epopeia Open Call

OPEN CALL

A Corda Teatro abre inscrições para 12 mulheres voluntárias da comunidade (com experiência teatral ou não) a fim de integrarem este espectáculo. Workshop será realizado dia 30 de Setembro e dia 7 de Outubro (em hora a definir).

Rúben Saints tem o curso de Formação de Actores, ESTC; Curso de Teatro “Shakespeare Musical”, Teatro da Trindade; Workshop de Técnica de Clown com Oleg Popov e Workshop de Mímica com John Mowat. Encontra-se, de momento, a acabar o Mestrado em Artes Performativas da ESTC. Em teatro, estreia-se na companhia Teatro Bábá (2000). É membro fundador da Companhia da Esquina. Como ator e encenador trabalhou com Rui Pisco, Pedro Barbeitos, Paula Careto, Claudio Hochman, Rita Ribeiro, Jorge Gomes Ribeiro, Maria do Céu Guerra, João D’Ávila, Helder Costa, Bruno Cochat, João Brites, Ricardo Neves-Neves, Carla Galvão, Maria Emília Correia, entre outros. Encenou vários espetáculos para o projeto Orquestra Geração. Director Artístico d’A Corda, através da qual já assinou quatro criações (Quadraginta dies Silentio (2015), Epopeia (2018), Ad Lucem (2019) e Jogo de Espelhos (2020), duas tertúlias encenadas (Tempus fugit: os horizontes do tempo em Camilo Pessanha e Walt Whitman e os Poetas Portugueses) e outras performances pontuais. Cria e encena para a Câmara Municipal do Fundão, de Rio Maior, de Porto de Mós e de Alcobaça. Destaca Criminosa_Mente no Espaço Escola de Mulheres. Lecciona na Escola de Música do Conservatório Nacional, desde 2008, Expressão Dramática, Arte de Representar e Atelier de Ópera.

Elsa Maurício Childs nasceu em Portalegre em 1973. Concluiu a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Franceses e Ingleses) e o Mestrado (ambos pré-Bolonha) em Estudos Americanos, na FLUL. Concluiu dois anos de seminários de Doutoramento na área da Literatura, do Cinema, da Tradução e dos Estudos Comparados. Participou em conferências internacionais com apresentações sobres diferentes obras literárias e cinematográficas. Fundou e dirigiu o projecto educativo Casa Verdes Anos. Ensinou Inglês. Trabalhou como tradutora e revisora de textos literários e académicos. Trabalhou em produção. Fez várias formações na área do teatro, da literatura infantil, do story-telling e da educação. Trabalha como atriz e assistente de encenação. É membro fundadora d’A Corda, assim como do projecto de Teatro Playback da companhia – InVerso – o qual dirige.

Carolina Puntel é atriz e cantora, natural do Rio de Janeiro, com uma sólida formação profissional, mestre em teatro – artes performativas – pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Começou a sua trajectória artística no mundo da dança como estagiária do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1998. Aos 14 anos, participa no coro infantil da Ópera “Carmen” de Bizet onde começa a ampliar sua formação profissional também como cantora. Atuou em grandes espectáculos de teatro da Broadway como: “O Fantasma da Ópera”, “Cats”, “Hair”, “My Fair Lady”, “The Sound of Music”, “Grey Gardens”, “Nunsense”, entre outros. No cinema, atuou em “Muitos Homens Num só”, “Banho Maria” e “O nome do Gato”. Reside em Portugal há cinco anos, pretende dar o seu contributo artístico à comunidade no desenvolvimento das artes performativas, com foco na representação, canto e dança. Em Portugal, participou dos espectáculos “Boeing Boeing”, “Don Giovanni”, “A Bela e o Monstro” e “Na Bagunça do Teu Coração”, dobrou as séries “Alias Grace” e “Tábula Rasa” para a Netflix e foi assistente de encenação dos espectáculos “Faz-te homem” e “Ding Dong”.

Diogo Bach nasceu em Vila Franca de Xira. Mestre em Teatro (especialização em Artes Performativas – Teatro Música), pela ESTC; Curso de Canto da EMCN; Certificado de 8º grau em Teatro Musical, pela Trinity College London, com Distinção. Estreou-se no espetáculo A Estrela (2012), no Teatro Maria Vitória. Em Teatro, trabalhou com Rita Ribeiro, Sofia Ângelo, Rúben Saints, Ana Borralho & João Galante, Carlos J. Pessoa, Claudio Hochman, Fernando Gomes, Jorge Gomes Ribeiro, Martim Pedroso & João Telmo, Pedro Penim, Àngel Llàcer, Manu Guix, Federico León, entre outros. Membro fundador do coletivo A Corda, através da qual tem participado em várias criações e performances como ator e cantor e, ainda, através da qual assinou a sua primeira encenação, Sobre o Cristal Transparente (2020), apresentada no Centro Cultural da Malaposta. No Cinema, trabalhou com Pedro Barão e João P. Nunes nas curtas-metragens Vibratum Vitae (2011) e Ninho (2015), respectivamente. Integrou o elenco da websérie Secreto LX (2020), de Patrick D’Orlando. Prémio de Melhor Interpretação Principal Masculina no Concurso Nacional de Teatro (2016), pela participação no espetáculo O Bicho do Teatro, de Sofia Ângelo.

Lea Managil é licenciada em Pintura, FBAL; Curso de Canto, Escola de Música do Conservatório Nacional; Pós-Graduação em Música – Performance, Universidade de Aveiro. Como cantora solista, destaca o papel de Poupa n’A Conferência dos Pássaros, de Daniel Schvetz, encenação de Ruben Saints (CCB, 2017); Recital Paradis Perdus, Fundação Calouste Gulbenkian (Paris, 2016); Missa para Coro e Orquestra de João Domingos Bontempo (Igreja de São Vicente de Fora, 2015) e Venus em Venus <3 Adonis, de André Godinho e Paula Garcia (CCB, 2012). Integrou Menos Emergências (Teatro da Trindade, 2015) de Ricardo Neves-Neves e Missa em Mi menor de Anton Bruckner no projeto Gulbenkian Youth Choir (Basílica de Mafra, 2013). Como artista, destaca as exposições Encontros, Próximos (2013); 96 Horas e Pré-Reforma em 2012.

Rita Carolina Silva é licenciada em Estudos Artísticos, FLUC e Sorbonne Nouvelle Paris III; Curso de Canto, EMCN; Curso de Formação de Atores, Primeiros Sintomas. Encontra-se, presentemente, a finalizar o Mestrado em Artes Performativas – Teatro Música, na ESTC, no âmbito do qual estagiou como assistente, assistente vocal e atriz com o Teatro do Eléctrico. Trabalhou com Sílvia Filipe (numa adaptação da Ópera dos Três Vinténs), Martim Pedroso, Rúben Saints, Ricardo Neves-Neves, Diana da Sousa (Travessa da Espera (2017) e Bela Adormecida (2019)) e Bruno Bravo. Destaca os espectáculos Epopeia (2018), d’A Corda, nas Caves do Liceu Camões e A Soberana (2019), do Teatro do Eléctrico, no Cine Teatro Louletano, onde se apresentou como atriz e cantora. Participou, ainda, como atriz na curta-metragem “A Rainha” de Lúcia Pires e num episódio da série “Dolores” de Tota Alves para a RTP Play. Actualmente, leciona a disciplina de Voz e Elocução no curso bienal FOR Dance Theatre da Companhia Olga Roriz e a disciplina de Voz no Curso de Jovens da In Impetus. Tem desenvolvido uma pesquisa pessoal prática e teórica no âmbito da técnica vocal e da saúde vocal juntamente com investigação e prática de Alexander Technique, Pilates e Yoga.

Sara Afonso tem o curso de Piano, Instituto Gregoriano de Lisboa; Curso de Canto, EMCN; Curso de Atores da ACT e outras formações técnicas, como em Commedia dell’Arte, Teatro do Improviso, Técnica Tchékhov e encenação. No canto, colabora como solista em diversas produções de ópera e concertos, tendo trabalhado com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, com a Sinfónica Juvenil e com a Orquestra de Câmara do Sul. Em 2017 estreia Estados e a Cantata Awakenings de Sara Ross; integra MUSAico de Pedro Moura (CCB) e Beaumarchais, com música de Pedro Amaral (TNDM II). No teatro, trabalhou com Claudio Hochman, Nuno Pinto Custódio, Bruno Cochat, Rúben Saints, Manuel Jerónimo, Linda Valadas, Mário Redondo, Jorge Andrade, Ricardo Neves Neves e Marco Martins. Integra os projetos Cardume e Teatro Riscado.

A Corda, Associação Cultural nasce da união de pessoas de percursos diversificados que sentiram a vontade de materializar ideias e ideais comuns entre si e que tem como prioridade trabalhar para e com a comunidade, por acreditar que essa é a verdadeira vocação da arte. Apresenta-se como uma plataforma de criação artística multidisciplinar centrada no Teatro, na Música e na Literatura, assim como na exploração de diferentes linguagens cénicas.

TEATRO.COMUNIDADE

2020 | OUT 01 a 11

QUI a SÁB – 21H00
DOM – 16H00

AUDITÓRIO

5€ | PREÇO ÚNICO DE ESTREIA (01/10)

10€ | DESCONTOS APLICÁVEIS

60 MINUTOS

M/12

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