Condomínio

CONDOMÍNIO

Propositário Azul

Nas reuniões de condomínio podemos observar um conjunto de interações humanas em que interesses individuais se disputam sob o plano da gestão do bem comum. A dimensão cívica e política dessas relações entra em confronto com a familiaridade entre as pessoas, com a banalidade dos hábitos ou a irrelevância dos episódios diários que disputam o protagonismo dessas sessões. A pretexto deste formato, tudo pode acontecer: debates ideológicos, momentos fraternais, confidências, discussões acesas e passionais, defesa da honra, conversas via Skype, interrupções arbitrárias (o mundo que corre em paralelo, lá fora a vida da casa, o gato de estimação, os filhos, o telefonema do emprego, o atraso por causa do trânsito, etc.), discursos galvanizados, afirmações morais.

É uma reunião que radiografa o corpo social expondo uma visão crua das complexas articulações que comandam os comportamentos e as interações humanas.

Condomínio“ é a microescala da ação política e da praxis republicana. É o lugar de confluência da ação de natureza pública e do que é da ordem do privado, o lugar da organização social em que se manifestam, de forma explícita, as relações entre vontade e o dever.

Este projeto nasce da experiência colhida como administrador de condomínio, repartida por três períodos de um ano, contando dezenas de reuniões e a lavragem das atas correspondentes. Segue um trilho lançado no espetáculo “A Rulote” (2010) em que um dispositivo cénico banal se converte em motivo poético e evocativo, transcendendo o seu realismo palpável. Desta vez trata-se de observar o conjunto de interações humanas em que interesses individuais se disputam sob o plano da gestão do bem comum; a dimensão cívica e política dessas relações enreda-se numa certa familiaridade, debate-se com a banalidade dos hábitos ou a irrelevância dos episódios diários que vêm disputar o protagonismo dessas sessões. As situações podem evoluir para um plano que supere o utilitarismo funcional da própria reunião, abrindo espaço à exposição dos problemas em termos metafísicos, filosóficos, psicológicos, estéticos, passionais ou até musicais; o plano do real, sem nunca desaparecer, pode ser frequentemente altercado por “fugas”, por desvios “acidentais”, um pouco à imagem de um espetáculo de variedades em que, em torno de um eixo temático, mais ou menos narrativo, se abrem brechas para a manifestação concreta de planos mais subjetivos, articulando, consequentemente, novos recursos de expressão sejam eles do ponto de vista narrativo, ou no estilo da representação, ou nos materiais (objetos) cénicos usados, entre outras possibilidades.

Criação e interpretação NUNO NUNES, SOFIA DIAS E TIAGO SARMENTO
Com a Comunidade de Odivelas ANA TERESA TOMÉ, ARMANDO MIRANDA, ERICKSON CARVALHO, GYLLCYMAR SILVA, HELENA FALCÃO, INÊS NÓVOAS, ISABEL MOURA PINTO, JESÚS MANUEL, NUNO GOMES, PAULA GONÇALVES, PAULO FERREIRA
Dramaturgia e Encenação NUNO NUNES
Arranjos Musicais ALEXANDRE BERNARDO
Execução de Cenografia e Figurinos ANA LIMPINHO
Assistência de Cenografia HUGO LIMPINHO
Fotografia de Ensaios VITORINO CORAGEM
Assistência de Produção DIANA ALMEIDA
Produção PROPOSITÁRIO AZUL
Coprodução CENTRO CULTURAL MALAPOSTA, FIAR FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES DE RUA, FESTIVAL TODOS CAMINHADA DE CULTURAS, FITEI – FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE EXPRESSÃO IBÉRICA
Apoio CAL – PRIMEIROS SINTOMAS, JUNTA DE FREGUESIA DE ODIVELAS E CASA DA JUVENTUDE DE ODIVELAS
Agradecimentos BIBLIOTECA DE MARVILA, DIANA ESPECIAL, ASSOCIAÇÃO ESQUERDA ALTA, ASSOCIAÇÃO TIRA-ME DA RUA, JSVC DECOR, HUGO FERREIRA (IDEIAS SIMPLES), JOSÉ CÂNDIDO, PATRÍCIA RAPOSO,  PEDRO ALVES, ANTÓNIO OSVALDO, RUI FRANCISCO

NUNO NUNES estreia como ator em 1997. Trabalhou com A Barraca, o TNDM II, Teatro Aberto, Teatro de Almada, Meridional, O Bando, Aloés, Cornucópia, Ao Cabo, TNSJ, Causas Comuns, entre outros. Tem um percurso no cinema e em televisão ao longo dos últimos 20 anos. Encenador e produtor desde 2002: textos de Ghelderode, António Patrício, José Régio, Franz-Xaver Kroetz, Gil Vicente, Strindberg e Natália Correia; várias criações originais como “A Rulote”, “Efabulação”, “Alibi”, e adaptações como “Da Imortalidade” (do Épico de Gilgamesh), “O Arranca Corações” (de Boris Vian) e “Lusíadas Glória e Engano” (a partir de Luís de Camões”). Desenvolve atividade regular como docente e formador teatral.

SOFIA DIAS nasceu em Lisboa em 1985, tem o curso de Interpretação da Escola Profissional de Teatro de Cascais (2001-2004). Passou também pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto. Licenciou-se em Animação Sociocultural, pela Escola Superior de Educação de Lisboa. Encontra-se a concluir o Mestrado em Artes Performativas – Teatro, na Escola Superior de Teatro de Cinema. Aprofundou a sua formação profissional com Carlos Avilez, João Mota, João Brites, João Lagarto e Pepa Diaz. Estreou-se com Almeno Gonçalves, em espetáculos musicais; foi dirigida por Ana Nave, Dinarte Branco, Nuno Nunes, Tiago Mateus, Rafaela Santos, Caroline Bergeron, entre outros. Cocriou o espetáculo “Romeu e Julieta sem Destino”. Dirige e dá aulas de Teatro desde 2008. Desde 2012 que colabora com a Associação Propositário Azul.

TIAGO SARMENTO estudou artes plásticas na Escola Artística de Soares dos Reis. Em 2014 licenciou-se em Teatro, na vertente de Ator, na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo. No âmbito do programa Erasmus frequentou a Northumbria University, em Newcastle. Em 2015 concluiu o mestrado em Theatre Directing na East 15 Acting School, em Londres, e frequentou um curso intensivo na GITIS, em Moscovo. Integrou elencos de peças dirigidas por Marco Martins, Nuno Cardoso, Nuno Carinhas, Carlos Pimenta, Beatriz Batarda, Emma Roxburgh, Mark Calvert, João Pedro Vaz, Nuno M. Cardoso, Whit Hertford, George Siena, Lígia Roque, Lee Beagley, Nuno Nunes, Tales Frey e Nuno Pino Custódio. Em ecrã, integrou projectos de Patrícia Sequeira, Joaquim Leitão, Pedro Ribeiro, António Pinhão Botelho, Fanny Ardant, Ana Moreira e Miguel Magalhães. Realizou as curtas-metragens “Cold Hands” e “Beatrice”. Encenou os espetáculos “#Falling (The Yard Theatre)”, “A Vertigem dos Nossos Corpos” (FITEI), “Welcome” e “Parque Infantil” (TMP), “Orelha de Deus” e “Liceu Europa” (Coliseu do Porto), e “Sem Rede” (Mala Voadora). É criador e ator da série original de ficção da RTP1 “Capitães do Açúcar”, produzida por Maria João Mayer. É um dos atores selecionados para o programa internacional “Passaporte”, da Academia Portuguesa de Cinema.

DIANA ALMEIDA é licenciada em Teatro, ramo Produção, na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). Fez direção de cena em regime de estágio no São Luiz Teatro Municipal (2013), colaborou com teatro BAAL 17, Teatro O Bando e Propositário Azul. Colabora pontualmente com o TNDMII.

ANA LIMPINHO é licenciada em Design de Cena pela ESTC (1999). Colaborou com Teatro do Montemuro, Meridional, Propositário Azul e Comédias do Minho e com diversos encenadores como André Amálio, Catarina Requeijo, Cláudia Chéu, Cristina Carvalhal, Tónan Quito ou Gonçalo Amorim.

A PROPOSITÁRIO AZUL, ASSOCIAÇÃO ARTÍSTICA foi fundada em 2003, reunindo um grupo de criadores nas áreas do teatro, artes plásticas, música e vídeo, com o intuito de se constituir como plataforma dinamizadora de projetos, promovendo a troca de experiências e a autonomia artística e profissional de criadores de sensibilidades diferentes. Os espetáculos teatrais criados até ao momento resultam duma atenção dada ao conhecimento da dramaturgia universal, num compromisso privilegiado com obras de escritores portugueses e lusófonos, ensaiando práticas de trabalho e de pesquisa dramatúrgica, escrita e rescrita de textos, adaptações, recolhas e interpretação de determinados contextos e realidades.

© Fotografia VITORINO CORAGEM

TEATRO

ESTREIA

2O22 | JUN 16 a 19

QUI a SÁB – 2OH3O
DOM – 16H3O

AUDITÓRIO

12€ | DESCONTOS APLICÁVEIS 

12O MINUTOS

M/12

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