PAISAGEM ONÍRICA. LUMINISCÊNCIAS DO INVISÍVEL
Inês Ferreira e José Lencastre
Paisagem Onírica, convida-nos a penetrar a teia-trama do arquétipo invisível do espaço-tempo, numa viagem de encontro a uma certa dimensão de desconhecido.
Atravessando o incomensurável universo de relações em porosidade na relação com o locus, o corpo esculpe em abordagem física intenções-emanações sedimentadas na grama oculta da espacialidade e inerentes paralelismos (in)temporais.
Revelando-se assim através do corpo-matéria uma memória-imagem dos ínfimos sussurros-murmúrios em presença no lugar.
Dança intersticial aos confins da musicalidade da paisagem, nascendo do desejo de celebrar a natureza primordial no vislumbramento do que existe para além da matéria aparente. Desvelando camadas, membranas-limiares, fluxos, sinuosidades, gravitações magnéticas, soprando zonas limítrofes, tecendo um movimento de intimidade em cintilação com esferas subtis omnipresentes.
Um mergulho-vertigem à deriva de ressonâncias oníricas, flutuações ocultas, partículas submersas, revisitando tonalidades vibracionais, navegações atmosféricas, atravessando uma mediação corpórea em consonância com o imaginário do lugar-paisagem iluminado.
Conceção e Orientação Artística INÊS FERREIRA
Criação e Interpretação INÊS FERREIRA (Dança/Performance, Violino) E JOSÉ LENCASTRE (Música/Performance, Saxofones Alto/Tenor)
Apoio C.E.M – CENTRO EM MOVIMENTO
INÊS FERREIRA nasceu em Lisboa em 1982, onde presentemente vive e trabalha enquanto bailarina/performer. Artista independente, pesquisadora na área da Dança, Som e Imagem. Desenvolveu os seus estudos e experiências transversalmente em Arquitetura e Artes Plásticas e Visuais (Faculdade de Arquitectura e Faculdade de Belas Artes de Lisboa), nutrindo paralelamente a sua formação em Artes Marciais (Judo e Tai-Chi), Teatro, Dança e Circo (Escola Profissional de Circo de Barcelona Rogelio Rivel). Integrou diferentes projetos, pesquisas, criações e cocriações entre Lisboa, Barcelona, Marselha e Bretanha, intermitências nas esferas do Circo, do Teatro e da Dança. Trabalhou em plataforma de cocriação com o organismo c.e.m. (centro em movimento), ancorada na investigação artística em dança, desenvolvendo pesquisa aprofundada e lecionando diferentes laboratórios e aulas regulares durante cerca de uma década. Atualmente refletindo possibilidades de criação e transmissão com acompanhamento de outros artistas e criadores. Abrindo em transmissão laboratórios/sessões de pesquisa em dança (em estúdio ou lugares da paisagem) com desejo em foco nessa ínfima e vasta partitura corpo-paisagem-acontecimento, na iminente consideração do horizonte desconhecido. Atravessa colaborações diversas e ritmadas com músicos, sonoplastas, pintores, desenhadores, escultores, fotógrafos e realizadores. Alicerces vitais: lugar, corporeidade e presença. Dança enquanto documento vibrátil da paisagem; perspetivas gravitacionais em termos de transladação de partituras do ouvido ao olhar. Incursões no âmbito de registo áudio, fotográfico e videográfico em propulsão de atravessamento em corpo. Criações e cocriações em dança: “Algures”; “A-con-tecer Paisagem”; “Rio”; “Cinzento. Zona Desconhecida”; “Nijinsky ou o Sentimento”; Lisboa. “Mistral”; Marseille. Referências de pesquisa/colaboração em dança: Peter Michael Dietz, Thierry Bae, Sofia Neuparth, Eva Karkzag, K.J. Holmes, Lisa Nelson, Anne Morin, Manuel Silva, Florent Kouzmienko, (entre outros). Referências de transmissão: Professora/Orientadora de Sessões/Laboratórios de Dança; Pesquisadora/Orientadora de Tai-Chi Two Person’s Dance material energético-coreográfico; Mestre de Judo; Sessões de Modelo Nú no âmbito de Belas Artes; Orientação de diversos ateliers de Artes Plásticas, Artesanais e Visuais.
JOSÉ LENCASTRE é um saxofonista, improvisador e compositor de Lisboa. Reconhecido músico versátil, tem tocado vários géneros musicais ao longo dos anos. A partir de 2OO5 entra em contacto com o vibrante movimento da música improvisada nacional e desde logo passa a fazer parte do seu circuito de concertos e sessões, tocando com a grande maioria dos músicos lisboetas e também com artistas internacionais de várias partes do mundo. Tem como principal foco no seu universo de pesquisa a improvisação e a forma transcendental como o som e a música têm um poder de cura. Uma espiritualidade não religiosa que orienta e inspira a forma de tocar o saxofone e a comunicação com quem o ouve. Entre 2O12 e 2O16 viveu no Brasil, onde teve a oportunidade de desenvolver o seu interesse pela vasta e rica cultura rítmica, melódica e harmónica de diferentes tradições, tais como o Choro, o Frevo, a Ciranda… Durante a sua estadia em Pernambuco criou o grupo Inconsciente Colectivo, um trio de sax, teclas, e bateria, que tocava sobretudo composições originais. De volta a Portugal, forma o Nau Quartet com Rodrigo Pinheiro, Hernâni Faustino, e João Lencastre. Tem tido a oportunidade de se apresentar ao vivo em vários países, tais como França, Alemanha, Inglaterra, Eslovénia, Sérvia, Rússia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Marrocos e Espanha. Desde 2O17, tem ido várias vezes à Holanda, e fruto desse encontro com músicos da cena free e improv de Amesterdão lançou, juntamente com Raoul van Der Weide e Onno Govaert, o álbum “Spirit in Spirit – Live at Zaal 1OO”. Um outro grupo fruto destas viagens é o trio com Miguel Petruccelli e Aleksandar Škorić. Em 2O2O lançou “Anthropic Neglect” com Jorge Nuno, Felipe Zenícola e João Valinho. Cofundador da editora Phonogram Unit, participa na primeira edição discográfica deste selo: “Vento”, onde toca em trio com Hernâni Faustino e Vasco Furtado. Em abril de 2O22 apresenta o seu grupo Common Ground em estreia discográfica. O quinteto conta com a participação de Carlos Zingaro no violino, da pianista Clara Lai, do contrabaixista Gonçalo Almeida e de João Sousa na bateria. O seu álbum a solo “Inner Voices” é lançado pela editora americana Burning Ambulance em agosto de 2O22.
©Fotografia ALEXANDER HUSUM E NUNO ROCHA
RESIDÊNCIA
2O23 | OUT 17 a 27
LOCAL A DEFINIR
Residência artística não aberta ao público
[CRUZAMENTOS [DANÇA. MÚSICA]]
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