NAUFRAGO 2023

NÁUFRAGO

Francesca Bertozzi

Náufrago” é um projeto criado para refletir sobre o pensamento ecológico, entendido como uma esfera que inclui a interconexão entre o indivíduo e o meio ambiente. Reflexão que remete a uma teoria do Budismo de Nichiren Daishonin: A não dualidade da vida e do meio ambiente.

O ambiente é comparado à sombra, a vida ao corpo. Como Daisaku Ikeda explica: “O corpo move-se e transforma a sombra, mas o corpo é criado a partir da sombra, porque o corpo não seria tal se não a projetasse. Noutras palavras, o ambiente fornece ao corpo realidade e identidade e vice-versa”. Até o poeta John Donne diz que “nenhum homem é uma ilha”. As ilhas parecem separadas umas das outras por grandes extensões de água, mas no fundo do oceano elas fazem parte da mesma terra. A criação do movimento tem como base as práticas da Dança Sensível. Francesca decidiu partir do conceito de “Ecologia de Movimento” e das práticas de algumas etapas da filogenia (verticalização).

“E então resgato-me, volto ao meu corpo, para habitar esse meu espaço interno. Observo a respiração, procuro as raízes na terra, no fundo do oceano, onde encontro calma. Encontro o balanço e a direção. Permaneço na escuta do meu corpo “desafinado” das lesões para encontrar a sua ecologia. Nesse espaço interno, o movimento atravessa-me como um eco e sinto clareza, presença e vida. O Náufrago reencontra o silêncio na imensidão das terras desertas.

Não sei o que vai acontecer, mas considero urgente voltar para dentro para poder ficar de fora.” [Francesca Bertozzi]

“Náufrago” é um solo em processo de criação que começou em 2O2O, com um pequeno apoio recebido do Fundo do Fomento Cultural, pela emergência Covid. A artista teve a oportunidade de apresentar os primeiros estudos em duas ocasiões: em setembro de 2O2O, como projeto de conclusão da sua formação em Dança Sensível e em julho de 2O21, a convite do Movimento Centrale Danza e Teatro, no Jardim do Lapidario Romano do Museu da Cidade de Rimini, no âmbito do ciclo “La Natura della Danza”. Esta residência é uma oportunidade para desenvolver parte do solo e do ambiente sonoro, e em princípio concluir a estrutura do projeto, enquanto Francesca o considero vivo, e de possível adaptação a espaços de diferente natureza: auditórios, jardins, espaços naturais.

Conceção, Coreografia e Interpretação FRANCESCA BERTOZZI
Criação Sonora (1º e 2º Estudos) FRANCISCO MEDEIROS
Música (1º e 2º Estudos) “NISI DOMINUS – CUM DEDERIT” DE ANTONIO VIVALDI, POR ANDREAS SCHOLL
Pesquisa e Criação Sonora TELMA PEREIRA
Figurinos FRANCESCA BERTOZZI
Execução de Figurinos SILVIA TISSELLI
Agradecimentos MOVIMENTO CENTRALE DANZA E TEATRO, CLAUDIO GASPAROTTO, ANNA CHIARA CIPRIANI, GIULIA DEL CHERICO, MASSIMILIANO BERLINI, FRANCISCO MEDEIROS E ANA MARTINS

Projeto financiado pela República Portuguesa-Ministério da Cultura – Linha de Apoio de Emergência ao Setor das Artes – Fundo de Fomento Cultural

FRANCESCA BERTOZZI é licenciada pela Escola Superior de Dança de Lisboa em 2OO4. Conclui, em 2O2O, a formação em Dança Sensível, método que integra experiências do movimento consciente com elementos de escuta subtil de osteopatia, em Itália, sob a direção de Claude Coldy. Como bailarina, interpreta “Matrioska” de Tiago Guedes, “Eye Height” de Beatriz Cantinho e Ricardo Jacinto, “Zoo” de Victor Hugo Pontes, “No Fim era o Frio” de Inês Jacques e Mão Morta, entre outros. Como atriz interpreta, no papel principal de Inês, o espetáculo de teatro imersivo “E Morreram Felizes Para Sempre” de Nuno Moreira, com encenação de Ana Padrão. É intérprete e coreógrafa dos solos “Náufrago” e “Pensando a Ofelia”. Para a Companhia de Teatro de Almada cria o movimento dos espetáculos: “O Feio”, “Noite da Liberdade”, “Bonecos de Luz” e “Migrantes”. Tem colaborado, enquanto formadora, com: Ar.Co, Festival Materiais Diversos, F.O.R.,Teatro Maria Matos, Inimpetus, Quinta Ten-Chi, Guilherme Cossoul, entre outros. Paralelamente aos projetos artísticos, tem vindo a desenvolver atividades pedagógicas enquanto formadora, lecionando aulas e laboratórios de dança contemporânea, criativa, consciência corporal, movimento para atores, movimento e práticas somáticas em estúdio e na natureza.

CHIARA PICOTTO é uma artista italiana multidisciplinar. Chega a Lisboa com uma bolsa Sócrates/Erasmus em 1999. Após alguns anos de estudo em artes visuais, que a levaram a ser estagiária do realizador Edgar Pêra em 2OO1, a estudar animação tradicional no CITEN (2OO2-2OO3) e a estudar na escola Maumaus (2OO2-2OO4), começa a explorar o campo musical trabalhando como vocalista e criadora e estudando voz com Maria do Rosário Coelho e Lúcia Lemos.

O panorama lisboeta oferece-lhe novos universos sonoros cativantes (o Fado, a música Brasileira e Africana) levando-a a querer aprofundar o trabalho musical. Tem interessantes colaborações, entre as quais destaca: gravação do primeiro CD “Terike”, do músico guineense Kimi Djabate (2OO4-2OO6); VGO- Variable Geometry Orchestra (CD Live at the Casa da Música, Porto); Kumpania Algazarra (2OO8); participação no disco “do what you will” de HeadCleaners (Alexandre Simões e André Pires, 2OO9); colaborações com o Gruppo Ponte Radio, Itália (com o qual se apresenta em vários concertos em Itália, Alemanha e Palestina); gravação de um tema do CD “Art Jungle”, do músico Stefano Calvano, Italia (2O13). Estuda yoga em Lisboa e participa, em Amesterdão, no curso de Patricia Bardi “The Voice Movement Integration Course”, que explora a relação entre a voz e o movimento.

© Fotografia VALENTINA COZZOLINO

 

RESIDÊNCIA

2O23 | MAR 12 a 19

Residência artística não aberta ao público

[DANÇA]

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