COSMIC PHASE/STAGE

COSMIC PHASE/STAGE

Ana Libório, Bruno José Silva e João Estevens

O espaço teatral é ocupado por seres humanos e não humanos (objetos, estruturas, robótica), que se movem num mundo pós-digital alternativo. A constante alteração do sujeito referencial da ação faz com que os espectadores tenham de ajustar as suas dinâmicas de interação e comunicação ao longo do objeto. Este apresenta um percurso dramatúrgico que promove a fusão entre o espaço da performance e da instalação, tornando-se um lugar de utopia e filosofia, que procura a reflexão sobre arte e tecnologia.

À medida que as artes performativas se ajustam ao palco cibernético – por vontade, ou por necessidade, como no caso da pandemia -, a investigação artística acaba por incidir numa reflexão sobre a hibridez dos objetos performativos e questões do pós-humanismo, onde se questionam fronteiras entre “humano-performer” e “máquina-performer”. Surge um espaço de reflexão ontológica acerca do campo more than humans no contexto da experiência performativa, onde o espaço natural da peça – o palco – é ocupado por outros corpos com materialidades distintas daquelas apresentadas pelos performers humanos. Assim sendo, é com naturalidade que a presença dos performers acontece tanto presencialmente, como em vídeo, hologramas ou robôs. É este o principal motivo para esta investigação artística que originará um objeto de natureza, simultaneamente, performativa e instalativa. Pretende-se pensar a criação em artes performativas com premissas provenientes de diferentes campos disciplinares (teatro, dança, artes visuais, tecnologia), acreditando que a associação de linguagens e estéticas permite a produção de outras formas de fazer e objetos transdisciplinares, que sugerem novas relações com o público.

Assim, e no que diz respeito ao modelo de autoria que se manifesta como coletivo, encontra-se um interseccionismo artístico que privilegia distintos deslocamentos interpretativos no objeto performativo, explorando e enriquecendo relações entre diferentes sources culturais, digitais e políticas numa realidade global. É este o contexto que leva a que se assuma um modelo de cocriação artística, cujas referências não só se inserem no campo das artes performativas contemporâneas, mas também das ciências sociais e da arte e tecnologia. A construção de um processo criativo dialogante, que permitirá a partilha destas referências e o desenvolvimento de uma reflexão profunda e sustentada acerca dos impactos das atuais transformações tecnológicas nas sociedades e na criação em artes performativas.

A equipa de “Cosmic Phase/Stage” é composta por artistas emergentes com práticas maturadas e complementares. A decisão de avançar para uma criação coletiva parte de um lugar que coloca em causa a ideia do criador-autor, procurando criar outras relações de poder no ambiente de trabalho. Esta proposta visa colocar em contacto um conjunto de afinidades pessoais e artísticas, suportando-se mutuamente na procura de lógicas de fazer partilhadas e mais sustentáveis.

Criação e Performance ANA LIBÓRIO E JOÃO ESTEVENS
Performance ANDRÉ LOUBET
Criação e Cenografia BRUNO JOSÉ SILVA
Produção Executiva TÂNIA GEIROTO MARCELINO
Produção ARRAIAL CÓSMICO – ASSOCIAÇÃO
Residências Artísticas/Apoios O ESPAÇO DO TEMPO, RUA DAS GAIVOTAS 6/TEATRO PRAGA, PÓLO CULTURAL GAIVOTAS BOAVISTA/CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, CENTRO CULTURAL MALAPOSTA/MINUTOS REDONDOS/CÂMARA MUNICIPAL DE ODIVELAS E COMPANHIA PORTUGUESA DE BAILADO CONTEMPORÂNEO
Outros Apoios e Parcerias PARALAXE/ERRO UNIVERSAL – NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO, CONTEMPORÂNEA/MAKING ART HAPPEN E CENTRO CULTURAL DE BELÉM
Financiamento TEATRO NACIONAL D. MARIA II, FUNDAÇÃO GDA E TEMPS D’IMAGES/DUPLACENA
Coprodução BOLSA DE CRIAÇÃO O ESPAÇO DO TEMPO, COM O APOIO DO BPI E DA FUNDAÇÃO “LA CAIXA”

Projeto criado no âmbito do programa Antecipar o Futuro, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, com o apoio da NTT DATA e em parceria com O Espaço do Tempo.

ANA LIBÓRIO é uma artista transdisciplinar portuguesa não binária, performer com base em Berlim e Lisboa. Tem formação em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), e em Filosofia Estética pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (mestrado FLUL). Atualmente estuda dança (HZT/UDK) em Berlim. Nos seus trabalhos questiona o corpo híbrido enquanto representatividade coreográfico-digital numa prática performativa intermodal, alargando assim a amplitude da prática performativa enquanto estratégia de engajamento sócio-político-digital (survival strategies). O seu trabalho mais recente é a performance “Capturing You
Fictional Politics of Movement” (Lisboa) e “Tragic, this is so tragic” nos UfferStudios em Berlim.

ANDRÉ LOUBET é licenciado pela Escola Superior de Teatro e Cinema – Teatro Ramo Atores, em 2O17. Atualmente está inscrito na pós-graduação de Artes da Escrita na FCSH e a trabalhar com a Plataforma285 e com a artista Ana Libório, com quem fundou a associação cultural Arraial Cósmico. Iniciou a sua formação teatral na Academia Contemporânea do Espetáculo, que terminou em 2OO9. Passou também pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde concluiu o primeiro ano na licenciatura de Filosofia. Profissionalmente destacam-se trabalhos com Artistas Unidos, Plataforma 285, Mala Voadora, Teatro do Bolhão, Teatro da Cornucópia, Oscar Murillo, Martim Pedroso, Hop produções, onde fez locução. Frequentou workshops com José Maria Vieira Mendes, Rogério de Carvalho e Maria Duarte.

BRUNO JOSÉ SILVA é artista visual. Tem formação em Arquitetura (FA.ULisboa) e Fotografia (Bolsa de Mérito na Formação Completa de Fotografia da HÉLICE). Concentra a sua pesquisa artística no conceito da imagem, explorando diferentes aspetos do mesmo, a partir de diferentes abordagens e perspetivas. A imagem, entendida de forma ampla, está sempre presente como mecanismo, ferramenta e conceito sobre o qual procura questionar o seu estatuto, a sua utilização e os mecanismos da sua produção. Apresenta o seu trabalho em exposições coletivas e individuais, em espaços independentes e institucionais. Expõe regularmente desde 2O16, das exposições mais recentes destacam-se “Limit of Disappearance” no Banco das Artes Galeria (Leiria, 2O22); “Dream sequence” com curadoria de Manon Klein, em Marvila Art District (Lisboa, 2O22), “Nature tuned to a dead channel”, no EGEU (Lisboa, 2O22); “Um corpo, um rio”, com curadoria de David Revés, na Galeria Liminare (Lisboa, 2O21). Foi artista em residência e apresentou o seu trabalho no “Planalto – Festival de Artes 2O21” e na “raum: residências artísticas online 2O2O”, a convite dos alunos de Curadoria de Arte na NOVA FCSH, em parceria com as Galerias Municipais/EGEAC. Desde 2O18, tem vindo a colaborar com teatro e performance, para o qual desenvolve cenografia e fotografia, destacando os espetáculos “All You Can Eat” no MAAT (Lisboa, 2O22), “Esa Cosa LLamada Amor – 1O anos depois”, no Centro Cultural de Belém (Lisboa, 2O21), ambos da companhia de teatro Plataforma285; “Capturing You
Fictional Politics of Movement”, de Ana Libório (Artista do Bairro 2O21), na Rua das Gaivotas 6. Foi vencedor do Prémio Vídeo “Keep It Brian” (Balaclava Noir, 2O21), finalista dos Jovens Criadores (IPDJ, 2O21) e distinguido com uma menção honrosa pelo seu trabalho na Bienal JOV’ARTE de 2O19. Vive e trabalha em Lisboa, Portugal.

JOÃO ESTEVENS é performer, dramaturgo e investigador em ciências sociais, estando, atualmente, a finalizar o seu doutoramento na Universidade Nova de Lisboa. Iniciou o seu percurso artístico no teatro universitário, estudou no Forum Dança e trabalhou como intérprete (com Adriana Aboim, Daniel Gorjão, João Fiadeiro) antes de desenvolver a sua investigação artística. Enquanto criador, preza formatos híbridos, criados através de longos processos de experimentação e de investigação, expandindo o uso da improvisação enquanto método de criação, e questionando as interações com o nosso tempo e espaço, bem como com as estruturas de poder existentes. Na sua prática artística, cada vez mais, procura o cruzamento entre as artes performativas e as artes visuais no desenvolvimento da sua linguagem. Foca-se na composição de novas dramaturgias, tendo colaborado, neste sentido, com artistas emergentes em Portugal. Integra a Rabbit Hole, estrutura onde tem fortalecido as suas práticas colaborativas. Entre 2O19 e 2O2O é um dos artistas selecionados para participar no projeto europeu “Open Access – Experimenting with performing arts and transmedia creation”. Os seus trabalhos mais recentes são a performance transmedia “C\:>how2become (data) & dissolve_into: ‘tears’”, coproduzida pelo TBA – Teatro do Bairro Alto e Teatro Viriato, e a coordenação editorial da obra “Artes Performativas e Cultura Digital”.

TÂNIA GEIROTO MARCELINO é artista visual, curadora e produtora. Enquanto artista, trabalha numa linguagem própria de possibilidades interventivas pós-minimais. Através de esculturas, pinturas, desenhos e instalações, e baseada numa postura de voluntária contaminação pelo real, explora a sua própria relação com os objetos que a rodeiam. Expôs individualmente nos Maus Hábitos/Saco Azul (“Aproximação à falha dos objetos intraduzíveis”, Porto, 2O17), Rua das Gaivotas 6 (“Às gaivotas, aos cães e aos próximos animais”, Lisboa, 2O2O) e Duplex AIR (“à noite escrevo à noite de dia”, Lisboa, 2O22). Colaborou também com projetos de programação cultural como Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa, 2O13-14), Galeria Foco (Lisboa, 2O19 e 2O21), Rua das Gaivotas 6 (Lisboa, 2O21-22) e SLUICE (Londres-Barreiro, 2O22). Fez a curadoria das exposições “De pequeño me comí un pony” (individual de Diego Machargo, 2O19), “Olhos Pescadores” e “feeling something feeling something is still feeling something” (individual de Lugalbanda e performance de Fed by Venus, 2O22), “Para fora deste mundo não podemos cair” (coletiva de Diana Carvalho e Pedro Cabrita Paiva, 2O22), “NUME” (individual de Svenja Tiger, 2O22) e “Labirinto” (individual de Maria José Oliveira, em cocuradoria com Rita Anuar, 2O22). Em 2O21 foi oradora convidada em “Environmentally sustainable artists studio practices”, conversa online organizada por villa villa, um projeto de Alice Bonnot. Atualmente, está a produzir o Hors Lits Lisboa – 3ª ed. (Lisboa, 2O23) e é Curadora Residente para o ano de 2O23 no programa de residências internacional PADA Studios (Barreiro). É licenciada em Pintura (FBAUL, 2O13) e Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas (FBAUP, 2O17). Em 2O21 fez o curso “Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais”, conduzido por Magda Bull (Academia Gerador).

A ASSOCIAÇÃO CULTURAL ARRAIAL CÓSMICO foi fundada por um grupo de artistas, em Lisboa, em 2O21, de modo a mediar e articular áreas artísticas dedicadas à produção, curadoria e criação de eventos/objetos artísticos. A Associação Cultural Arraial Cósmico dedica a sua atividade à realização de espetáculos de teatro e performance, debates, encontros, exposições e partilhas de práticas artísticas com a comunidade em geral. Tem como génese a promoção de expressões artísticas transdisciplinares, linguagens e estéticas dissidentes, valorizando assim a criação artística experimental. Da associação fazem parte um grupo de artistas provenientes de várias áreas, desde o teatro, a dança, a performance, o vídeo, e o cinema. Tem como foco a inclusão no que diz respeito a expressões de identidade(s), a elevação da(s) comunidade(s) onde se insere, perspetivando também a salvaguarda de direitos de artistas e investigadores, apoiando trabalhos de investigação de real interesse para o levantamento e fruição das potencialidades culturais.

© Fotografia TÂNIA GEIROTO MARCELINO ou ALÍPIO PADILHA

RESIDÊNCIA

2O23 | AGO O1 a SET O8

LOCAL A DEFINIR

Residência artística não aberta ao público

ESTREIA : 24 NOVEMBRO 2O23 | O ESPAÇO DO TEMPO

[PERFORMANCE]

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