COLOCAR O SEU CORAÇÃO NUMA MALA

COLOCAR O SEU CORAÇÃO NUMA MALA

Crépuscule Companhia 

Primeiro há esta frase rabiscada num caderno alguns meses após a separação: “é difícil colocar o coração numa mala”. Depois, uma fotografia nunca encontrada: um quarto com uma secretária, uma pequena janela à direita, uma porta em frente, uma cama e, sentado na cama, um homem com a cabeça inclinada para esconder as suas lágrimas. Uma fotografia como reflexo, como prova, como sugestão. Agarrar-se a algo. Um arquivo talvez – um arquivo fechado? Porque é disso que se trata no final: a separação é um momento de condensação no tempo, um ponto claramente identificável numa linha? Ou é um processo, um acontecimento que se desenvolve ao longo do tempo, como uma explosão? Quando é que isso acontece? Quando é tomada a decisão? Quando nos separamos fisicamente? Ou meses ou anos mais tarde, quando deixamos realmente a outra pessoa ir, quando decidimos abrir a mala? Finalmente, será que isso acontece realmente?

“Esta performance é, de certa forma, o último ato desta rutura. Sim, penso que é isso, um último ponto, o último show, no qual escolho levar o público para não ficar sozinho. Encontrarão balões em forma de coração, uma ninja amorosa, uma raça frenética para tentar compensar algo perdido, uma mala, um cardiograma e Whitney Houston.” [Morgane Pommier]

Performance imersiva sobre os últimos momentos de uma separação, uma jovem mulher deixa-nos experimentar os últimos gritos de um amor no fim da sua corda.

Criação e Interpretação MORGANE POMMIER
Direção LOUBNA QAFFOU

Criada em 2019, a CRÉPUSCULE é uma companhia de teatro-performance, que pretende ser um laboratório de investigação sobre questões sociais. Nas questões muito contemporâneas que vão surgindo, tem a necessidade de procurar através de vários instrumentos filosóficos, sociológicos e antropológicos o início das respostas que se espera que uma manhã nos conduzam ao crepúsculo de um novo dia… Sempre entre duas águas ou no limite, é no espetáculo ao vivo que a companhia deseja partilhar o fruto das suas experiências. CRÉPUSCULE quer tornar-se neste lugar de interseção de pensamentos e possibilidades, de forma a criar um lugar comum com os outros, desvendando o mundo de hoje de forma lúdica e leve.

MORGANE POMMIER concluiu a licenciatura em Artes Performativas na Universidade de Paris VIII – Vincennes – Saint-Denis após a sua formação no Cours Florent com Régine Ménauge-Cendre, Julie Lavergne e Dimitri Rataud. Para além da contribuição teórica e reflexiva, experimentou performance, teatro documental, ViewPoint e adquiriu conhecimentos básicos na dança contemporânea. Em 2017 juntou-se ao coletivo Hoc Momento em criações site-specific e participou em “Yassa” (Les Grands Voisins, 2017), “Montjoie! Saint-Denis!” (L’Espace Imaginaire, 2018) ou em “Mama Pérola” (numa estação de comboios desativada no Brasil, 2017). Depois de se formar em 2019 continua a treinar através de estágios profissionais e continua a sua atividade de interpretação em filmes (“Un triomphe”, de Emmanuel Courcol; “La maison”, de Julia Hamang). Em 2019, co-riou a companhia Crépuscule com Loubna Qaffou. Atualmente participa no espetáculo para jovens “Qui a peur du loup?” de Christophe Pellet, produzido pela companhia Alter Ego (X).

LOUBNA QAFFOU formou-se no Conservatório de Dijon, sob a direção de Nadia Lang e frequentou, no Théâtre Dijon Bourgogne-CDN, a formação dirigida por Emmanuel Vérité e Maelle Poesy e, nesse ano, dedicada ao artista Hanoch Levin. Fez muitos workshops de dança, canto e improvisação com Anna Rochelle, Emmanuel Vérité e Carole Bosch. Colaborou depois com a companhia Hoc Momento (Saint-Denis), em várias criações site specific: “Yassa” em Les Grands Voisins, “Montjoie! Saint-Denis!” em L’Espace Imaginaire, e “Mama Pérola” em Barra do Pirai, RJ, Brasil. Atuou em vários eventos, incluindo o “#1 La Rencontre” no Espace Khiasma em Paris, e no festival Féminisme et Genre em Saint-Denis. Criou a companhia Crépuscule com Morgane Pommier.

© Fotografia LOUBNA QAFFOU

RESIDÊNCIA

2O22 | JUN 28 a JUL O1

BLACK BOX

Residência artística não aberta ao público

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