PELE
Teatro As Avozinhas e Ricardo Guerreiro Campos
PELE é um projeto visual e performativo que procura mapear o corpo através das suas relações físicas e dos seus vestígios, intentando numa dramaturgia do branco e da pele. Em PELE o corpo é paisagem e memória e afeto e suor; é o espaço vazio que fica entre os corpos – entre corpo e lugar, entre palavras e gestos, entre ação e inércia. Será o corpo um espaço comum? A ágora é o corpo vivo, respirado – a cama aberta ao mundo. PELE pesquisa, assim, a transversalidade da pele através da anulação identitária. O que é a pele velha? A pele nova? – a PELE é a almofada de todos os corpos. PELE são as escolhas de proximidade na história de cada indivíduo. No início de março de 2020 o Teatro As Avózinhas iria dar início ao trabalho colaborativo e de continuidade com Ricardo Guerreiro Campos, que havia sido convidado a dar seguimento ao trabalho desenvolvido por Dolores de Matos durante quase 20 anos. Para o dia 13 de março estava marcado o primeiro ensaio com toda a nova equipa do Teatro As Avózinhas; o mesmo dia em que demos início ao período de quarentena que nos confinaria em casa, apartados, durante mais de dois meses. Esse ensaio não se realizou e As Avózinhas, como toda a gente, ficaram circunscritas ao espaço das suas casas. Na ausência de toque, na ausência de voz – ou melhor, com muitas vozes, olhando a janela como quem olha para um mundo novo. Ou olhando para dentro de Casa como quem se olha ao espelho. No final de maio, com a possibilidade de, gradualmente, se voltar às atividades presenciais, pensámos a necessidade de criar um espetáculo que olhasse para dentro do espaço Casa e lhe desse o lugar do corpo e da memória. Assim surge PELE, um projeto visual e performativo em continuum que olha para a pele enquanto território de sedimentação de camadas – vestígios das histórias de proximidade de cada pessoa. O processo foi pautado por conversas e entrevistas com o elenco, que permitiram a conceção dramatúrgica do projeto. A primeira apresentação teve lugar no FIAR 2020.
Direção Artística e Dramaturgia RICARDO GUERREIRO CAMPOS
A partir de Textos de LUIZ PACHECO, MANUEL ANTÓNIO PINA E RICARDO GUERREIRO CAMPOS
Interpretação AMÉLIA CERTAL, AMÉLIA GAIÃO, CRISTINA CHAPA, DEOLINDA, MARIA ALEXANDRINA E RICARDO GUERREIRO CAMPOS
Vídeo SAMIR NOORALI
Composição Musical JOSEF KAGAN E MARIA NOORALI KAGAN
Produção e Distribuição FIAR
Ricardo Guerreiro Campos é artista visual e performer, arte-educador, professor e investigador e tem desenvolvido o seu trabalho em diferentes contextos de intervenção (Casa Estrela-do-Mar, Casa Pia de Lisboa, Município do Montijo), de educação (Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago, 2014-2015; Agrupamento de Escolas de Azeitão, 2015-2018; Colégio Cesário Verde, 2018-2019; Escola Superior de Educação de Lisboa, 2018 até ao presente; Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, 2018 até ao presente) e de criação, nomeadamente com as estruturas Casa da Avenida, FIAR – Teatro As Avózinhas, Cultivamos Cultura, Teatro Estúdio Fontenova, Museu Coleção Berardo, Centro de Arte e Cultura | Fundação Eugénio de Almeida, UmColetivo, entre outras que desenvolvem trabalho no âmbito dos cruzamentos disciplinares entre as artes visuais, a performance, o teatro e a educação.
O Teatro As Avózinhas, projeto satélite FIAR, cumpriu em 2020 18 anos de atividade regular. Com direção artística de Dolores de Matos, nasceu da relação do FIAR com as Associações de Terceira Idade do Território de Palmela. Este projeto tem como objetivos basilares a promoção da criatividade através da prática do Teatro, promovendo a reflexão dos aspetos sociais e do diálogo entre a arte e a vida, contribuindo desta forma para o desenvolvimento pessoal e interpessoal dos mais velhos, com objetivos da participação ativa dos públicos das comunidades locais, em novas experiências das artes contemporâneas. Sabemos que existem vários e muito relevantes projetos comunitários que utilizam os meios de expressão artística como instrumentos de intervenção social. Sabemos também que a prática teatral amadora é um mecanismo de construção identitária que ocupa um papel crucial na sobrevivência e estruturação de sociabilidades locais no mundo contemporâneo globalizado. O que não é tão comum é assistirmos ao encontro coerente de linguagens simultaneamente complexas e aparentemente inconciliáveis: a da exigência significativa da produção artística de nível profissional, com as histórias comuns de mulheres especiais. É quando o espectador se deixa afetar por esse choque, que o feitiço é lançado por estas encantadoras mulheres, conscientes do seu poder cénico. Esta operação, no entanto, não é percetível a olho nu e muito menos literal. Ela surge a partir daquilo que de mais importante a arte tem para dar: uma interpretação poética da urgência de agir sobre o mundo.
©Fotografia ALEXANDRE NOBRE
PERFORMANCE
2021 | OUT 23 e 24
SÁB – 21H00
DOM – 16H30
AUDITÓRIO
12€ | DESCONTOS APLICÁVEIS
80 MINUTOS
M/12
PARTILHAR