Festim Esta noite grita-se – 5ª temporada: Dias inteiros nas árvores, de Marguerite Duras

Festim Esta noite grita-se - 5ª temporada: DIAS INTEIROS NAS ÁRVORES, DE MARGUERITE DURAS

Companhia Cepa Torta

O texto de Duras leva-nos ao derradeiro encontro entre mãe e filho. A mãe, que nos surge coberta de pulseiras de ouro, é dona de uma fábrica com «Oitenta operários! Notável!» numa ex-colónia francesa (talvez a Conchichina). Com a desculpa de vir comprar uma cama, vem fazer uma última visita ao filho mais predileto, que vive em Paris. Este vive com uma jovem rapariga órfã, Marcelle, e ambos trabalham num cabaret como “profissionais da presença” contratados para tornar o espaço mais apelativo e agradável. Ele vive cada dia como se fosse o último, esbanjando todo o pouco dinheiro que consegue em partidas de bacará. É o seu estilo de vida desde criança, quando, como os pássaros, subia às árvores e encantava a mãe com a sua beleza, a sua capacidade de não medir consequências, de não se esforçar. Dias Inteiros Nas Árvores realça o contraste entre o ócio e o trabalho, entre o prazer e a responsabilidade. Leva-nos a questionar (como Genet) a verdadeira essência da felicidade no dia-a-dia, perante defeitos que desprezamos como sociedade: desonestidade, vilanagem, viver à custa dos outros, maldade ou displicência. Mas… que poderia uma mãe querer mais do que a felicidade do seu próprio filho?

O Festim “Esta noite grita-se” é único no panorama cultural português. Estas leituras não obedecem ao cânone. Aqui há um ator que lê as didascálias, os textos são lidos quase sempre na íntegra e todo o processo de ensaios leva a momentos dotados de um fulgor e exuberância invulgares, apesar do despojamento do dispositivo cénico e da relação íntima e informal estabelecida com o público. A primazia é dada ao texto, às palavras do autor, interpretadas por reconhecidos intérpretes e oferecidas à imaginação dos públicos. A encenação é do público. E é nessa transposição, do texto para os ouvidos da audiência, que está a missão principal do Festim.

Interpretação CATARINA WALLENSTEIN, GUILHERME BARROSO, MARCELLO URGEGHE e PAULA SÓ
Direção Artística FILIPE ABREU e MIGUEL MAIA
Tradução JOSÉ VIEIRA DE LIMA
Design Gráfico EDOARDO U. TRAVE

Companhia Cepa Torta é uma plataforma artística que, desde 1999, trabalha na área do teatro e performance. Afirma-se como um conjunto de artistas que colaboram entre si nos diferentes projetos que assentam na criação artística teatral, no trabalho com a comunidade onde se encontra (Marvila), e no serviço educativo – secção O Rebento. Nos seus 20 anos de existência apresentou trabalhos na Malaposta, Teatro Ibérico, Teatro Taborda, Biblioteca de Marvila, Teatro da Comuna, Teatro da Trindade, Teatro da Garagem, Fala-Só, Fábrica Braço de Prata, Bridewell Theatre (Londres), entre muitos outros espalhados pelo país. O trabalho dos Cepa Torta assenta tanto no teatro de repertório (Brecht, Gil Vicente, Raul Brandão, Eurípedes, Tchékhov, Durënmatt), como em criações originais de Miguel Maia e Filipe Abreu. Um dos projetos emblemáticos mais recentes é o Festim de leituras. Com um coletivo eclético, a companhia tem a ambição contínua de pesquisar formas de fazer, investindo na procura de novas abordagens de encenação e criação. A revisitação do património dramatúrgico clássico, e por isso intemporal, coabita com um interesse contínuo na contemporaneidade e nos dramas da realidade atual.

©Fotografia SÓNIA GODINHO

PALAVRA |
Leitura Interpretada

JUL O1

QUI – 20H30

AUDITÓRIO

4€ [PREÇO ÚNICO]

90 MINUTOS

M/12

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