Festim Esta noite grita-se
4ª temporada:
A LIÇÃO, de Eugène Ionesco
Companhia Cepa Torta
Esta noite grita-se é uma iniciativa de leitura pública de textos de teatro que entra agora na sua 4ª temporada, tornada festim. Um festim que celebra o lugar da palavra no espetáculo teatral, o seu som, a sua musicalidade, o seu sabor, o seu cheiro.
Começou informalmente no início de 2017, no Bar Irreal e na Fábrica Braço de Prata, tentando mostrar o entusiasmo com a leitura crua dos textos, evidenciando o potencial do texto dramático sem recurso à encenação. Tentou-se ouvir de perto as palavras dos autores, procurando, talvez, uma maneira diferente de dizer e fazer escutar.
Estas leituras não obedecem por isso ao cânone de “leituras encenadas”. Pretende-se partilhar com o público o entusiasmo que um ator sente quando, nos ensaios de mesa, começa a descobrir os cantos e recantos do texto. Quando os diferentes significados começam a emergir e as personagens a ganhar forma dentro da cabeça, surgindo, ainda rudes, na voz dos atores. Sabemos que um texto teatral, apresentado desta forma, é criatura frágil, desconfiada, ambígua por vezes. Mas antes assim, assume-se o risco, prepara-se cada texto em conjunto com os atores e levamo-lo à cena exatamente quando há tantas dúvidas que precisamos de as partilhar com o público. Nas suas primeiras três temporadas, o Esta noite grita-se apresentou um total de 16 textos em 48 sessões espalhadas pelas cidades de Lisboa, Cascais e Montemor-o-Novo, com a participação de cerca de 60 atores, seguidos de perto por um total de quase 2.000 espectadores.
Nesta noite apresentamos “A Lição”, de Eugène Ionesco. Esta parábola, escrita por um dos mestres do teatro do absurdo, Eugène Ionesco, foi apresentada pela primeira vez em Paris, em 1951. Peça de um ato só, apresenta-nos o Professor, homem com cerca de 60 anos, que recebe em sua casa uma jovem rapariga para uma lição. “É uma cidade bonita, com um parque, um internato, um bispo, bonitas lojas…” diz a Aluna numa das primeiras respostas que dá ao seu tutor neste início de ação pautado pela retórica da cortesia extrema e pelo uso quase abusivo das regras da boa educação. Mas tal não se mantém por muito tempo: as primeiras falhas da aluna na aritmética básica da subtração e a entrada na área da filologia, apesar dos avisos da terceira personagem, a prudente Governanta, rapidamente transformam a lição particular numa sessão pedagógica muito improvável, fruto da relação crescentemente desequilibrada entre o excêntrico professor e a alheada aluna e que se precipita numa espiral descontrolada com um desenlace estranho e inesperado.
Direção FILIPE ABREU e MIGUEL MAIA
Autor EUGÈNE IONESCO
Tradução ERNESTO SAMPAIO
Interpretação ANA SARAGOÇA, CATARINA WALLENSTEIN, FILIPE ABREU e PAULO PINTO
Fotografia SÓNIA GODINHO
Design Gráfico EDOARDO U. TRAVE
Apoio ao Design ANA MAIA
Assessoria de Imprensa MARIANA SANTOS
Produção COMPANHIA CEPA TORTA
A Companhia Cepa Torta é uma plataforma artística que, desde 1999, trabalha na área do teatro e performance. Afirma-se como um conjunto de artistas que colaboram entre si nos diferentes projetos que assentam na criação artística teatral, no trabalho com a comunidade onde se encontra (Marvila), e no serviço educativo – secção O Rebento. Nos seus 20 anos de existência apresentou trabalhos na Malaposta, Teatro Ibérico, Teatro Taborda, Biblioteca de Marvila, Teatro da Comuna, Teatro da Trindade, Teatro da Garagem, Fala-Só, Fábrica Braço de Prata, Bridewell Theatre (Londres), entre muitos outros espalhados pelo país. O trabalho dos Cepa Torta assenta tanto no teatro de repertório (Brecht, Gil Vicente, Raul Brandão, Eurípedes, Tchékhov, Durënmatt), como em criações originais de Miguel Maia e Filipe Abreu. Um dos projetos emblemáticos mais recentes é o Festim de leituras de textos de teatro, Esta noite grita-se , que vai entrar na sua 4ª temporada, e em que já participaram no passado cerca de 60 atores para um total de 16 textos em diversos espaços de Lisboa e no resto do país. Com um coletivo eclético, a companhia tem a ambição contínua de pesquisar formas de fazer, investindo na procura de novas abordagens de encenação e criação. A revisitação do património dramatúrgico clássico, e por isso intemporal, coabita com um interesse contínuo na contemporaneidade e nos dramas da realidade atual. A companhia desenvolve vários projetos em simultâneo numa perspetiva de trabalho em rede com parceiros da área artística, comunitária e educativa. A secção O Rebento desenvolve projetos pedagógicos em Marvila, Odivelas e tem vindo a apresentar espetáculos de norte a sul do país.