de Romulus Neagu
Este projeto nasce da convicção de que a história de cada indivíduo se reflete numa outra história mais ampla – a dos movimentos artísticos e até a dos movimentos sociais. Nesse sentido os próprios conceitos de Identidade e de Memória atravessam discursos de diversas disciplinas: da história à psicologia, passando pela literatura, filosofia, política e também pelo discurso ou produção artística, contaminando as suas reflexões e abrindo espaço para inúmeras questões:
É a memória imutável? Como contornar o esquecimento e o silêncio na construção da memória histórica? Qual o papel da memória na definição da identidade? Numa altura em que se questiona a identidade como povo, a identidade como cidadão, a identidade como agente de mudança, importa criar espaços de problematização através da criação artística e da intervenção cultural. Partindo de um intérprete específico e do seu percurso pessoal desenvolvemos a ideia de que esse percurso e essa multiplicidade de escolhas é inevitavelmente consequência, causa e testemunha da evolução da própria linguagem da dança dos últimos 20 anos e que essa própria evolução deixou marcas na sua identidade pessoal.
Partimos de Romulus Neagu e de uma biografia ficcionada do seu percurso que em si acompanha os últimos 20 anos de dança em Portugal e que nos permite pela própria sucessão dos acontecimentos – a chegada a Portugal , a colaboração com a Companhia Paulo Ribeiro e outros, a permanência numa cidade do interior, o desenvolvimento de uma linguagem coreográfica de autor para nos aventurarmos numa reflexão sobre o local de verdade e fragilidade que é o lugar do palco e da criação, cruzando pequenas histórias (verdadeiras ou possíveis) e criando uma ligação entre elas com os grandes movimentos da história da dança: desde o abandono da estética clássica até à procura de novas metodologias de composição e criação e evidentemente a tentativa de acrescentar novos significados ao corpo. Mergulhando na dimensão humana e artística do intérprete, realizar-se-á um exercício de reflexão e introspeção personificada do indivíduo/artista, sobre a existência de uma relação triangular, às vezes conflituosa, entre a pessoa, o intérprete e a personagem, no ato da criação/vivência artística. Como evolui o intérprete na sua profissão, como se transforma e adapta o seu corpo, a sua vida? Uma avalanche de histórias, acontecimentos e emoções aparece como um acervo de memórias inseguras, soterradas pela passagem do tempo, colocando dúvidas sobre pertença e transformação de um passado comprometido pela memória e pelo esquecimento e pela sua permanência no presente. Será também o local de reflexão sobre a própria existência do intérprete e sobre as mudanças no seu estatuto e nas suas características/qualidades. Como transmitir ou permanecer nesse lugar frágil? Nesse limbo entre atividade e presença? Como deixar o corpo habitado e recetivo ao mesmo tempo? Partilhas, distâncias, silêncios. Será que conseguimos manter inalteráveis estas memórias? Será que nos lembramos de tudo? Tudo que nos lembramos, aconteceu mesmo? Até que ponto ficcionamos o nosso passado? O que é real? A memória do acontecimento ou a memória da emoção?
Conceção Artística, Criação e Interpretação ROMULUS NEAGU
Convidados Especiais LEONOR KEIL, FÉLIX LOZANO E PETER MICHAEL DIETZ
Desenho de Luz CRISTÓVÃO CUNHA
Sonoplastia NUNO VEIGA
Vídeo TOMÁS PEREIRA
Produção INTRUSO
Produção Executiva HÉLOÏSE REGO
Coprodução CENTRO CULTURAL MALAPOSTA (ODIVELAS), COMPANHIA PAULO RIBEIRO (VISEU) e TEATRO VIRIATO (VISEU)
Parceiro Institucional REPÚBLICA PORTUGUESA – MINISTÉRIO DA CULTURA
Apoio ESTÚDIOS VICTOR CÓRDON, CNB E AS CASAS DO VISCONDE
Romulus Neagu Bailarino e coreógrafo, completou os seus estudos de dança em Bucareste, Roménia. Colaborou com a Ópera Nacional de Bucareste, Companhia Paulo Ribeiro, Teatro Nacional São João e também com vários artistas e estruturas artísticas independentes. Das suas criações coreográficas destaca “O Ensaio de um Eros Possível…”, realizado em parceria com a Associação de Paralisia Cerebral de Viseu, “A Invisibilidade das Pequenas Perceções”, em coprodução com o Teatro Nacional São João, Teatro Viriato e Banco do Tempo, um dueto com o seu filho de 10 anos. É Artista Associado do Teatro Viriato, onde apresentou peças, como “A Partir do Romance do Adolescente Míope”, “Alibantes”, “Stretto”, o estudo vídeo coreográfico “Perpetuum… e Unbounded”, entre outras. Colaborou com a Companhia Nacional de Bailado – Lisboa, criando o projeto “Nados Vivos”, integrou o programa europeu de mobilidade artística i-Portunus e foi artista residente nos Estúdios Victor Córdon|CNB – Lisboa. Recentemente apresentou o projeto vídeo coreográfico “Specific Site – Specific Body”, uma produção INTRUSO sobre o património arquitetónico da cidade de Viseu e “CELAN”, projeto coreográfico e performativo em torno da obra poética do Paul Celan. É coordenador artístico da INTRUSO associação cultural, projeto de criação e intervenção artística, desenvolvendo desde 2000 uma atividade regular de formação na área da dança, criando vários projetos para grupos específicos, comunidades de imigrantes, portadores de deficiência e grupos escolares: People Like Us, trabalho coreográfico sobre a imigração em Portugal, Harmonia e Projeto 3008 com comunidades escolares da cidade de Viseu e o documentário “A Invisibilidade das Pequenas Percepções”, realizado por Miguel Clara Vasconcelos.
Intruso Constituída em 2009, a Associação Cultural Intruso apresenta-se como uma entidade dinamizadora do tecido artístico cultural na cidade de Viseu, favorecendo, através das suas iniciativas, a criação e a produção de eventos no campo das artes performativas, com especial enfoque nas áreas da dança, cruzamentos disciplinares, projetos de inclusão social e formação de novos públicos. A Associação pretende basear a sua intervenção numa plataforma de investigação e desenvolvimento artístico, cultural e social, tendo em consideração o contexto e as potencialidades locais, inserindo-as dentro do sistema profissional da produção artística, promovendo projetos, atividades, ações e suportes de referência, quer de forma autónoma, quer em parceria com outras entidades, nacionais e internacionais. Desde a sua constituição, INTRUSO apresentou as suas produções em vários festivais e teatros nacionais e internacionais com destaque para Festival Jardins Efémeros – Viseu, Festival Internacional de Teatro – Tondela, Festival Like #1 – Bucareste, Festival Todos – Lisboa, Festival New Age–New Time – Viseu, UNDERCLOUD Internacional Theater Festival – Bucareste, Ciclo de Teatro e Artes Performativas “Mimesis” – Universidade de Coimbra, Inshadow Film Festival – Lisboa, Jornadas Europeias do Património/Direção-Geral do Património Cultural, Make It Up Club – Melbourne ou recentemente Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e Canal 180. A direção artística da Associação é da responsabilidade de Romulus Neagu, bailarino e coreógrafo, Artista Associado do Teatro Viriato – Viseu.
©Fotografia TOMÁS PEREIRA
DANÇA
ESTREIA
2O22 | MAR 26
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5O MINUTOS
M/O6
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