Sombras

SOMBRAS

de Diletta Bindi e Sara Montalvão

A sombra representa, por oposição à luz, tudo o que é irreal, esquivo e sujeito a mudanças. Se, por um lado, a sombra é a ausência de luz, por outro, podemos considerá-la como um ponto de equilíbrio, ou seja, a natureza da sombra requer tanto de luz como de escuridão e só emerge a partir do momento em que um corpo ou elemento se encontra na luz. Perceber a própria sombra, observá-la, senti-la, brincar com ela e desafiá-la, são as premissas para uma partitura coreográfica que pretende jogar com a ótica do espectador.

Este espetáculo está pensado para o público geral, mas com uma atenção e foco particular no público infantil (maiores de 6 anos) por considerarmos que existe uma escassez de oferta a nível de dança contemporânea para este público. Também se valoriza a fantasia escura como modo expressivo e original de comunicar com a imaginação infantil. A matéria de criação pretende desafiar a perceção de um espetáculo de dança contemporânea através do jogo visual complexo que este pode oferecer. Contudo, a zona imagética e as pulsões do espetáculo encontram-se nesse limbo entre matéria adulta e deslumbramento da criança, pretendendo assim chegar a um público vasto onde o adulto se possa deixar levar por uma lógica de envolvência que existe pela criança interior de cada um/a e onde o espectador mais jovem não seja subestimado na sua capacidade de perceção, mas sim instigado por uma certa mística soturna e comicidade que se cria.
Este projeto quer estudar a sombra nos seus diferentes aspetos. A sombra tem inúmeras leituras, estando desde sempre presente no inconsciente coletivo. Arquetipicamente baseia-se na ideia de dualidade, portanto, entre o conflito e a complementaridade. Não existe sombra sem luz.
É tomado como referência o texto “A Alegoria da Caverna” de Platão, presente no livro “A República”, onde o jogo entre sombra e luz é conceptualizado em relação à verdade. A sombra está em oposição à luz, representando tudo o que seja irreal, fugidio e sujeito a mudanças. Por um lado, representa a ausência de luz – se a assumirmos como sinónimo de escuridão – no entanto poderíamos considerá-la como um ponto de equilíbrio – a natureza da sombra requer tanto de luz como de escuridão. A relação que a sombra apresenta é, portanto, bidirecional e só emerge a partir do momento que um corpo ou elemento se encontra na luz. A noção de jogo e o sentido de “playfulness” está presente, trazendo o humor e o grotesco como formas de levar este jogo. Explora-se, então, o dueto em dança a partir destas ideias.

Conceção e coreografia DILETTA BINDI e SARA MONTALVÃO
Interpretação FRANCISCA PINTO e SARA MONTALVÃO
Sonoplastia|Músico FABIO ARNOSTI
Criação de Figurinos CLÁUDIA RIBEIRO
Costureira ALEXANDRA BARBOSA
Desenho de Luz LUÍS RIBEIRO
Arte Gráfica THIAGO LIBERDADE
Comunicação RITA PITEIRA
Registo e Fixação Audiovisual FRANCESCO SPINUCCI
Produção SARA MONTALVÃO
Fotografia de Cena JOAQUIM LEAL

Sara Montalvão, atriz e bailarina profissional, nascida em 1986, formou-se com Augusto Fernandes na Argentina e fez o FAICC pela Companhia Instável. Fez formações intensivas com coreógrafos de renome como David Zambrano, Edivaldo Ernesto, LukeJessop/IonTribe, Hofesh Schechter, Francesco Scavetta, Rakesh Sukesh, entre outros. Também constrói e manipula formas animadas. Desenvolveu trabalho comunitário e social enquanto formadora de dança contemporânea, teatro e dança inclusiva para públicos de diversas faixas etárias. Criou espetáculos a solo e cocriações. Já trabalhou com Mafalda Deville, José Artur Campos, Teresa Alpendurada, Edgar Pêra, Ana Bacalhau, entre outros. Trabalha atualmente como intérprete em projetos da CiM/Vo’Arte e Teatro do Mar. Vive atualmente em Lisboa.

Diletta Bindi, nascida em 1987, Dileta é bailarina profissional e começou a estudar dança aos 10 anos. Em 2008 foi bolseira na companhia Teatrogrecodancecompany com direção artística de Renato Greco, onde estudou dança clássica e técnica Matt Mattox. Em 2010 foi determinante o encontro com a coreógrafa Paola Lattanzi, com quem trabalhou no projeto “MovimentiUrbani”, promovido pelo Ministério da Juventude. Criou o seu primeiro solo “Ni-Ni-Ni” e fundou o coletivo Luogocomune Danza em 2012. Viveu e trabalhou vários anos em Portugal, trabalhando com Victor Hugo Pontes, Tiago Rodrigues, Amélia Bentes, Ana Figueira, Ana Rita Barata, Mafalda Deville, Romeo Castelucci, entre outros. Vive atualmente em Roma (Itália), onde desenvolve projetos criativos a solo e em coletivo.

DANÇA | EM FAMÍLIA

2020 | SET 27

DOM – 16H30 

AUDITÓRIO

6€ [PREÇO ÚNICO]

50 MINUTOS

M/O6

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