CICLO A ARTE
NO CINEMA
“… Por ser uma arte do espaço e do tempo,
o cinema é a grande síntese de todas, a sétima arte…”
[Ricciotto Canudo]
Em 1923 o cinema passava a ser considerado como a 7ª Arte, com a publicação do “Manifesto das Sete Artes”, escrito pelo teórico e crítico de cinema Ricciotto Canudo.
O cinema sintetiza e reúne em si as Artes do Espaço / Artes Plásticas (a Arquitetura, a Escultura e a Pintura) e as Artes do Tempo / Artes Rítmicas (a Música, a Dança e a Poesia). Entre o apolíneo e o dionisíaco, o cinema dialoga entre a razão e o caos, o mundo aparente e o mundo verdadeiro. Impulsos opostos e contraditórios, contudo, são complementares da criação estética e universal.
O Ciclo propõe um olhar sobre o cinema como uma das formas mais complexas e abrangentes de arte total. Interliga, na sua génese, diferentes disciplinas artísticas e tem a capacidade de renovar, influenciar, transformar e difundir as outras Artes.
Premissa suficiente para partirmos à descoberta das artes contidas na 7ª Arte.
Curadoria FILIPE RAPOSO
Composição e Piano [Cineconcertos] FILIPE RAPOSO

O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR / CHELOVEK S KINO-APPARATOM
NOV 12 | 17HOO
AUDITÓRIO [CINECONCERTO]
[Dziga Vertov | DOC. | União Soviética | 1929 | 68’ | mudo, intertítulos em russo legendados em português | M/12]
“O Homem da Câmara de Filmar”, enquanto sinfonia urbana, é uma celebração da paisagem urbana moderna e da vida das grandes cidades. A montagem completamente inovadora e mal-amada, para os críticos da época, sobrepõe, divide o ecrã, cria close-ups contrastantes, usa a técnica de stop-motion. Mais surpreendentemente, o filme descreve os processos da criação do próprio documentário. O homem com a câmara de filmar é o seu irmão Mikhail, e a sua mulher, Yelizaveta Svilova, editou o filme.
Com Mikhail Kaufman e Elizaveta Svilova
Composição e Piano Filipe Raposo
DZIGA VERTOV, de nome verdadeiro Denis Arkadyevich Kaufman, nasceu em Bialystok, na Polónia, e morreu em 1954. Talentoso autor de documentários, Vertov estudou música no Conservatório, e com a invasão da Polónia pela Alemanha no início da Primeira Guerra Mundial mudou-se com a família para Moscovo. Entre 1914 e 1916, estudou Medicina e escreveu vários poemas, dissertações e novelas de ficção científica, adotando nesta altura o seu pseudónimo. Este precursor do cinéma-verité e mestre da montagem assumia-se como um futurista. O seu primeiro contacto com o cinema deu-se através de Mikhail Koltzov e do trabalho como editor no Comité de Cinema de Moscovo que se prolongou até 1919, ano em que realizou “O Processo Miranov”, “Semana de Cinema” e “Aniversário da Revolução”. Seguiram-se alguns documentários de propaganda soviética, em que Vertov desenvolveu os conceitos do cinéma-vérité quase meio século antes deste movimento. Seguiram-se vários trabalhos antes do trabalho que ficou para a história do cinema como a sua obra-prima, “O Homem da Câmara de Filmar” (1929), o seu último filme mudo e o tecnicamente mais perfeito, em que os planos e a montagem estão associados num conjunto de elevada poesia visual. Dziga Vertov ainda realizou cerca de 1O filmes antes de morrer em 1954, ano em que realizou o seu último filme “As Notícias do Dia”.

2OO1: ODISSEIA NO ESPAÇO / 2OO1: A SPACE ODYSSEY
NOV 17 | 2OH3O
SALA DE CINEMA
[Stanley Kubrick | SCI-FI | E.U.A. | 1968 | 149’ | legendado em português | M/12]
“Eis um dos pontos mais altos – para muitos, o cume absoluto – da obra de Stanley Kubrick, um dos seus títulos mais lendários, e seguramente aquele que maior impacte alcançou no imaginário da cultura ocidental das últimas décadas do século XX. O fascínio por 2OO1, que permanece tão (ou mais) vivo junto dos espectadores de hoje como dos espectadores de há 5O anos, para lá do deslumbramento causado pelo que ele tem de mais intrínseco – a sua construção visual, a sua estrutura narrativa, a sua utilização dos sons e da música – teve e tem parte substancial das suas razões no enorme enigma contido pelo filme. As perguntas depois de um visionamento de 2OO1 continuam a não ter resposta (o que “significa” o monólito?), mas é essa ausência de respostas cabais, como se o filme resistisse a todas as tentativas de descodificação, que faz com que a sua força se mantenha intacta – num certo sentido, 2OO1 tornou-se no monólito negro nele figurado: alguma coisa que nos acompanha, com que nos cruzamos periodicamente, de que nos podemos aproximar e até tocar, mas cuja compreensão, cujo sentido último, permanece numa órbita inalcançável. Por todas estas razões, 2OO1 é também o mais discutido, analisado, especulado, filme de toda a história do cinema.” [Luís Miguel Oliveira in Folha de Sala da Cinemateca]
Com Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester
STANLEY KUBRICK foi um realizador e argumentista cinematográfico americano, cujos filmes são caracterizados pelo seu estilo visual dramático, atenção meticulosa aos detalhes e uma perspetiva muitas vezes irónica ou pessimista. Um expatriado, Kubrick era quase tão conhecido pelo seu auto-isolamento, como pela sua abordagem meticulosa para pesquisar, escrever, fotografar e editar os seus filmes raros, mas sempre muito debatidos.

FELLINI 8½ / 8½
NOV 24 | 2OH3O
SALA DE CINEMA
[Federico Fellini | DRA | ITÁLIA | 1963 | 138’ | legendado em português | M/12]
Giovanni Grazzini escreveria numa crítica para o Corriere della Sera, jornal diário italiano: “… a beleza do filme está presente na confusão, na relação entre o erro e a verdade, o real e o sonho, além de estar presente também na unidade entre a linguagem cinematográfica que Fellini empregou no filme e a viagem através da subjetividade de Guido. Para ele, é impossível distinguir a figura de Fellini, que paira sobre o filme, da personagem de Guido e, dessa forma, os problemas de Fellini coincidem com as indagações espirituais de Guido. Ressalta ainda que a relação entre arte e a vida é tão brilhante que seria difícil de ser replicada. A genialidade de Fellini reluz em tudo que a câmara filma e em todos os detalhes há um significado preciso para o entendimento do palco que é 8½.”
“8½” ganhou o Óscar de melhor filme de língua estrangeira e de melhor figurino.
Com Marcello Mastroianni, Anouk Aimee, Claudia Cardinale
FREDERICO FELLINI nasceu em janeiro de 192O, e ficou conhecido pelo estilo peculiar que funde fantasia e imagens barrocas. É considerado uma das maiores influências e um dos mais admirados realizadores do século XX. Cresceu em Rimini e, como tal, as suas experiências de infância tiveram um papel vital em muitos dos seus filmes, em particular em “I Vitelloni”, de 1953; “8½” (1963) e “Amarcord” (1973). Durante o regime fascista de Mussolini, Fellini e o seu irmão, Riccardo, fizeram parte de um grupo fascista, obrigatório para todos os rapazes de Itália: o Avanguardista. Ao mudar-se para Roma em 1939, conseguiu um trabalho bem remunerado, escrevendo artigos num semanário satírico muito popular na época: o Marc’Aurelio. Foi nesse período que entrevistou o renomado ator Aldo Fabrizi, dando início a uma amizade que se refletiu na colaboração profissional e num trabalho em rádio. Numa época de alistamento compulsório desde 1939, Fellini conseguiu evitar ser convocado, usando de artifícios e truques de grande perspicácia. Conheceu sua esposa Giulietta Masina em 1942, casando-se no ano seguinte, a 3O de outubro. Assim começa uma grande parceria criativa no mundo do cinema, a começar pelo “La Strada” de 1954. Com uma combinação única de memória, sonhos, fantasia e desejo, os filmes de Fellini têm uma profunda visão pessoal da sociedade, não raramente colocando as pessoas em situações bizarras. Existe um termo, “Felliniesco”, que é empregue para descrever qualquer cena que tenha imagens alucinógenas que invadam uma situação comum. “La Dolce Vita” de 196O é considerado uma das obras-primas de Federico Fellini, juntamente com “8½” e “Amarcord”.

O NASCIMENTO DA ARTE
DEZ O1 | 2OH3O
SALA DE CINEMA
[António Jorge Gonçalves e Filipe Raposo | DOC | PORTUGAL | 2O22 | 5O’ | M/O6]
Quando começámos a criar obras de arte?
Que sabemos dos humanos que desenharam as gravuras rupestres?
Qual a necessidade que os levou a criar?
Terá sido pelas mesmas razões que criamos hoje?
Este é o ponto de partida para o desenhador António Jorge Gonçalves e o pianista e compositor Filipe Raposo procurarem respostas, e sobretudo melhores perguntas. Com “O NASCIMENTO DA ARTE” lançam-se no estudo dos vestígios espalhados pelo mundo do primeiro sinal sensível da nossa presença no universo. Partindo das gravuras paleolíticas do vale do Côa, os artistas trocaram ideias com especialistas de várias áreas, levantando possibilidades para as razões que levaram a espécie humana a realizar obras de arte.
Guião, Textos, Realização e Edição ANTÓNIO JORGE GONÇALVES e FILIPE RAPOSO
Apoios FUNDAÇÃO COA PARQUE, REDE DE CENTRO CIÊNCIA VIVA, CIBIO, CRIA - CENTRO EM REDE DE INVESTIGAÇÃO EM ANTROPOLOGIA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO E DGARTES/REPÚBLICA PORTUGUESA – CULTURA
ANTÓNIO JORGE GONÇALVES nasceu em Lisboa. Cria – a solo e com escritores – livros onde texto e imagem se relacionam de forma experimental. Concebeu um método de Desenho Digital em Tempo Real e manipulação de objetos em Retroprojetor que utiliza na criação de espetáculos com músicos, atores e bailarinos. Desenhou pessoas sentadas no Metro em todo o mundo com o projeto “Subway Life”. Fez cartoon político para o Público (Inimigo Público), Le Monde e Courrier Internacional, e foi premiado no World Press Cartoon. Em 2O14 recebeu o Prémio Nacional de Ilustração (dgLAB). Leciona Banda Desenhada na Faculdade de Belas Artes (Lisboa).
FILIPE RAPOSO nasceu em Lisboa. É pianista, compositor e orquestrador. Iniciou os seus estudos pianísticos no Conservatório Nacional de Lisboa. Tem o mestrado em Piano Jazz Performance pelo Royal College of Music (Estocolmo) e foi bolseiro da Royal Music Academy of Stockholm. É licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa. Tem colaborações em concertos e em discos com alguns dos principais nomes da música portuguesa. Para além da música, colabora regularmente como compositor e intérprete em Cinema e Teatro. Em 2O22 escreveu a ópera “As Cortes de Júpiter”, de Gil Vicente, com encenação de Ricardo Neves-Neves. Enquanto orquestrador e pianista tem colaborado com inúmeras orquestras europeias, apresentando-se a solo em festivais internacionais de Jazz. Desde 2OO4 que colabora com a Cinemateca Portuguesa como pianista residente no acompanhamento de filmes mudos. A convite da Cinemateca Portuguesa compôs e gravou a banda sonora para as edições em DVD de filmes portugueses do Cinema Mudo, tendo sido lançado, em 2O17, “Lisboa, Crónica Anedótica”, de Leitão de Barros, tendo ganho uma Menção Honrosa no Festival Il Cinema Ritrovato em Bolonha; em 2O18 “O Táxi n.º 9297”, de Reinaldo Ferreira; em 2O2O “Frei Bonifácio” e “Barbanegra”, de Georges Pallu; em 2O21 “Nazaré, Praia de Pescadores”, de Leitão de Barros. Em nome próprio editou os discos: “First Falls” (2O11) – Prémio Artista Revelação Fundação Amália; “A Hundred Silent Ways” (2O13); “Inquiétude” (2O15); Rita Maria & Filipe Raposo “Live in Oslo” (2O18); “ØCRE vol.1” (2O19); “Art of Song: When Baroque Meets Jazz” (2O2O); “ØBSIDIANA vol.2” (2O22).

VIAGEM A LISBOA / LISBON STORY
DEZ O8 | 2OH3O
SALA DE CINEMA
[Wim Wenders | DRA/MUS | ALEMANHA/PORTUGAL | 1994 | 1OO’ | legendado em português | M/12]
A premissa de seguir os sons e as paisagens sonoras de uma cidade (Lisboa), é herdada e influenciada por uma estética ligada às Sinfonias Urbanas (género cinematográfico que marcou a década de 2O). Aqui, a cidade é descoberta através da câmara, do seu próprio som e da música dos Madredeus. Wim Wenders mostra-nos uma inequívoca e simbiótica paixão entre imagem e som, através da cidade branca – Lisboa.
Com Rüdiger Vogler, Patrick Bauchau, Madredeus e Manoel de Oliveira
WIM WENDERS é um realizador que, juntamente com Rainer Werner Fassbinder e Werner Herzog, foi um dos principais autores do Novo Cinema Alemão dos anos setenta. Foi com o filme “O Amigo Americano” (1977) que Wim Wenders conquistou o reconhecimento internacional, sendo nomeado para a Palma de Ouro, que veio a vencer com “Paris, Texas” (1984). O seu filme de 1987, “As Asas do Desejo”, trouxe-lhe o prémio de Melhor Realizador em Cannes e tornou-se no seu maior sucesso. Em 1993 recebeu o Grande Prémio do Júri, também no festival francês, com o filme “Tão Perto, Tão Longe”. Desde 199O que Wenders se descreve como um cineasta da não ficção, realizando vários documentários aclamados pelo público, “Buena Vista Social Club” (1999) e “Pina” (2O11), ambos nomeados para os Óscares. Wim Wenders foi homenageado no LEFFEST’15 com uma retrospetiva integral da sua obra, onde apresentou também, no âmbito do festival, a exposição fotográfica “À luz do dia até os sons brilham – Wim Wenders à descoberta de Portugal”.

O MUNDO A SEUS PÉS / CITIZEN KANE
DEZ 15 | 2OH3O
SALA DE CINEMA
[Orson Welles | DRA/MIS | E.U.A. | 1941 | 119’ | legendado em português | M/12]
“O Mundo a seus Pés” renova-se em cada nova geração de amantes do cinema. Interpretada com força inesgotável do ator/realizador prodígio – Orson Welles – que, com apenas 25 anos, realizaria uma das obras mais notáveis da História do Cinema.
Porque é que continua a ser um filme de culto? Welles sintetiza o melhor do cinema clássico, inventando o cinema moderno através da escrita do argumento revolucionário de Mankiewicz, pela complexidade da narrativa, e pela revolução das técnicas cinematográficas.
O legado de “O Mundo a seus Pés” está presente nas obras de realizadores como Ingmar Bergman, Fellini, Elia Kazan, Nicholas Ray, Robert Rossen, Woody Allen ou Stanley Kubrick.
Com Orson Welles, Joseph Cotton, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead
ORSON WELLES, de nome completo George Orson Welles, nascido em maio de 1915, foi um ator, realizador, produtor e argumentista norte americano, conhecido pelo seu trabalho inovador no cinema, na rádio e no teatro. As suas técnicas narrativas inovadoras e o uso de fotografia, iluminação dramática e música para promover a linha dramática e criar ambiente, fizeram de “Citizen Kane” (1941) – escrito, dirigido, produzido e interpretado por si – um dos filmes mais influentes na história da arte.

O GABINETE DO DR. CALIGARI / DAS CABINET DES DR. CALIGARI
DEZ 17 | 17HOO
AUDITÓRIO [CINECONCERTO]
[Robert Wiene | FIC | Alemanha | 192O | 77’ | mudo, intertítulos em alemão legendados em português | M/12]
Em “O Gabinete do Dr. Caligari” somos confinados com o mundo de um louco: décors com perspetivas distorcidas, luzes e sombras misteriosas, um mundo angular de medos e apreensões. As técnicas expressionistas usadas potenciam e intensificam as emoções das personagens. Holstenwall é um lugar bizarro, que se assemelha a um pesadelo, cheio de estradas irregulares, prédios com telhados pontiagudos, janelas e portas disformes e cortinas que escondem personagens e os seus mistérios.
Extremamente influente e considerado como a grande obra do movimento expressionista alemão no cinema.
Com Werner Krauß, Conrad Veidt, Friedrich Feher, Lil Dagover
Piano e Composição FILIPE RAPOSO
Um filme cujos direitos de exibição pertencem a Friedrich-Wilhelm-Murnau-Stiftung (www.murnau-stiftung.de) em Wiesbaden
ROBERT WIENE foi um realizador de cinema alemão, nascido em 1873 em Breslavia, Silesia, Alemanha (território que pertence atualmente à Polónia) e falecido a 16 de junho de 1938, em Paris. Filho do ator Carl Wiene, iniciou a sua carreira no teatro passando depois a vincular-se no cinema. Destacou-se com o clássico de terror “O Gabinete do Doutor Caligari” (192O), considerado o primeiro filme do cinema expressionista alemão. Após a ascensão de Hitler ao poder em 1933, Wiene foi para a Hungria onde filmou a opereta “Uma noite em Veneza”, e para Paris, onde quis trabalhar com Jean Cocteau numa nova versão de Caligari.
CRUZAMENTOS
[CINEMA MÚSICA]
2O23 | NOV 12 a DEZ 17
SEX – 2OH3O
DOM [CINECONCERTOS] – 17HOO
AUDITÓRIO e SALA DE CINEMA
12€ [CINE-CONCERTOS] | DESCONTOS APLICÁVEIS
4€ [SESSÕES DE CINEMA] | PREÇO ÚNICO
35€ [ASSINATURA CICLO A ARTE NO CINEMA]
A reserva e compra desta assinatura deve ser feita diretamente com a Malaposta através dos seguintes contactos: ccmalaposta@gmail.com ou 212478240.
PARTILHAR